segunda-feira, 16 de março de 2009

Mãe, esse é especialmente para você!

Mãe, quanta saudade!

Se estivesses conosco... hoje comemoraríamos seis décadas da sua existência, te tornarias uma sexagenária! Embora você não quisesse admitir que ainda eras jovem, sim, eras! Digo porque vejo mães de amigas, de outras tantas pessoas já com seus 65, 70, 75 e até 80! As invejo por um breve instante nesse pensamento e, nem tanto, pois bem sei que cada qual tem seu tempo, uns mais, outros menos. Completaram-se quatro meses no último dia 06 que partiste deste mundo, que foste embora desse plano, que consumaste tua dor, teu sofrimento e, deixaste um pouco de si para trás. Deixaste três filhos e cinco netos, teu legado.

E ao invés de festa de aniversário, com bolo e guaraná, algo que já nos parece tão banal quando vivenciamos tal evento ano após ano, temos hoje uma festa às avessas, do tipo introspectiva, do tipo telepática, sem abraços, sem beijinhos, sem presentes.

É uma saudade corrosiva, que tem função primeira nos mostrar quão humanos, quão efêmeros somos, hoje aqui, amanhã...

Sabedoria é o que supliquei desde o turbilhão que levou de vez teu sossego, é o que continuo a pedir a Deus para derramar estas lágrimas com dignidade... não me penalizo com isso, só transbordo um sentimento que mais parece uma goteira contínua em dia de chuva grossa, batendo sobre nossos corações, feito aquele dia em que a velamos, em que presenciamos seu último suspiro.

Não estou triste pelo inevitável da vida, não choro porque nos deixaste, todos deixaremos alguém e seremos deixados, é assim que as coisas seguem seu curso natural, não é? Sei também que há algo além do horizonte, lá longe, onde a vista não alcança nem com o melhor binóculo já produzido pelo homem...

Essa tristeza é um pouco daquilo que ouvi e presenciei da sua existência, tão árdua desde a infância: criada na lavoura, sob o sol quente, abandonada pela própria mãe, à mercê de um pai durão com quatro filhos à tira-colo, te tornaste mãe de seus irmãos antes mesmo que pudesses saber quem eras e à que vinhas, foste doméstica na juventude, encontraste o amor, enfim? Talvez...contudo, a desordem do primeiro e imaturo casamento de um jovem taxista a fizeram refém de um conturbado relacionamento, que perdurou por vinte e dois anos, do qual, cá estou a falar do alto de minha primogenitura.

E hoje, mais do que ontem, tenho o que comemorar, embora sob o aparente inconformismo, dessa tua trajetória: sou filha de alguém que, apesar das tristezas contidas nestas breves linhas narrando quase uma vida toda, soube aproveitar as entrelinhas dos teus exemplos!
Em resposta ao que perguntou, sentada conosco à mesa, quando havia uma tênue linha entre a vida e a morte naqueles seus olhos, já sem brilho, já entregues ao que viria por fim: o que estou a fazer neste mundo? Só pude dizer: mãe, não cabe à mim responder se vives por nós, por seus netos ou por outra coisa qualquer, descubra dentro de você mesma...cada um de nós precisa encontrar essa resposta dentro de si.
Lembras do que te disse: mãe, eu e meus irmãos, te amamos! Cada qual à sua maneira...assim, como cada um de nós tem aprendido a conviver com esse sentimento novo...saudade!
Nair C. de Souza: In memoriam

6 comentários:

Anônimo disse...

Oi Jô! Queria eu poder colocar em palavras tudo que sinto, infelizmente muitas das vezes não consigo expressar-me. Parabêns a nossa mãe e a você pela homenagem....TE AMO!!!!

Letícia Losekann Coelho disse...

Jô, que linda tua homenagem, apesar de carregada de saudades... Mas saudades é bom sentir, nos torna vivos!
Sou amiga de minha mãe, e graças a Deus ela ainda se encontra em nosso mundo :) Sou grata por isso! Ela até virou blogueira, está escrevendo um livro e feliz da vida!
Beijos menina, achei linda tua homenagem para tua mãe!

disse...

Lu, acho que deveria arriscar escrever, já que falar o que se sente é mais difícil, especialmente quando esperamos algo em troca e nada recebemos. Escrever pode ajudar, a mim tem feito muito bem. Amo vocês, seus cuzidos!(rs)Bjins e volte sempre aqui, hein! Família tem que dar apoio, não importa de que jeito...(rs)

disse...

Tita, mais uma vez fico agradecida pelas palavras. De fato, a homenagem ficou carregada de saudade, acho que expressou bem o que aperta aqui dentro de vez em quando, pra não dizer, sempre. Talvez alivie com o tempo, acho que é muito recente, embora, ouça: "saudade sim, tristeza não", as duas caminham quase lado a lado. Aproveita sua mami, tudo o que ela tem de bom e, pelo visto, tem muito, já virou blogueira também? Que fofo, admiro isso! Parabéns a ela pelo livro! Bjins e volte sempre que quiser!

Cristiane Marino disse...

Olá JÔ!
Estou muito emocionada, aliás você tá virando perita em me emocionar né? rs
Lindas as tuas palavras nessa homenagem iluminada feita a sua mãe, você é glamourosa até para chorar, tenho certeza que todo esse amor e essa homenagem de alguma forma chegam a sua mãe. Parabéns por essa linda habilidade que tem de usar as palavras para homenagear as pessoas. Eu chorei com seu texto e pude agradecer a Deus pela vida dos meus pais e pensei sobre o que disse da celebração, ás vezes não damos valor né? você me fez refletir muito e dar mais ainda mais valor na minha vida!
Grande beijo
Parabéns pelo lindo texto

disse...

Cris, mesmo dodói você aparece...eita menina teimosa!hehe! Muito obrigada por tantos elogios, fico felicíssima e lógico, vou querer melhorar sempre, não para agradar apenas, mas porque as pessoas merecem o melhor que posso ofertar a elas, concorda? Essa homenagem bateu forte, sabe, pensei dias antes, lembrei do níver da mami e escreveria algo de qualquer modo, mas foi assim de improviso, do mais puro sentimento fluíram as palavras (claro que vira e mexe vou corrigindo erro aqui e acolá, já me conhece...rs) e o mais importante: você não só apreciou o texto como transportou pra sua vida pessoal, no trato com seus pais, olha que bênção! Também penso que, esteja onde estiver, minha homenagem chegou até a mami de algum modo. Bjins e melhoras pra você!