terça-feira, 16 de março de 2010

Lamento e não lamento

Lamento, caso você não queira ler…

Não lamento caso se arrisque daqui por diante.

A vida é feita dessa dualidade (Eclo 33,15), sabe?

Eu sabia e só venho confirmando mais e melhor de tempos em tempos. E por falar em tempo, faz tempinho que não lamento a perda da mãe aqui no blog, porém, às vezes é saudável lamentar discretamente, veladamente, conscientemente. A mim ajudou bastante e continua a me fortalecer. Não vivo a me lamentar, saiba!

Lamentarei muito se este meu momento se tornar ridículo e duramente lamentável visto sob outros aspectos que não intento suscitar nesse post.

Hoje a mãe completaria 61 anos se estivesse viva, mas, há um ano, quatro meses e dez dias ela nasceu para seus três filhos de um jeito diferente, doloroso ao extremo no começo, talvez como deva ser a nossa própria chegada ao mundo, daí aquele choro, aquele temor do recém-nascido… Coloco-me a pensar: Será que ela chorou ou sorriu? Ou será que está adormecida feito embrião? Mil pensamentos percorrem essa mente que vos escreve e não lamento se as respostas forem mais estranhas que as perguntas, nem se sequer houver respostas…

Lamento que minha mãe não esteja aqui para eu presenteá-la, costumeiramente, com aquela blusinha linda, tamanho P, que ao experimentar ficava sempre grande e eu dizia: mãe, vou comprar suas roupas na seção infanto-juvenil! ou, para não correr o risco, um perfume ou bijuterias  que ela gostava, era vaidosa, apesar da tristeza que muitas vezes se tornou a fragrância e o adorno de seus dias.

Não lamento que tudo tenha acontecido tão rápido, abreviando seu sofrimento com o câncer e contra ele, não lamento porque ainda assim tive tempo de ficar mais próxima, meus irmãos também puderam, mesmo morando um pouco mais distantes de nós. Não lamento que eu tenha acariciado seus cabelos e beijado sua fronte nos momentos de dor; não lamento que tenha ao menos conhecido um tratamento alternativo e que não houve tempo para começá-lo; não lamento que eu tenha chorado e me desesperado enquanto trabalhava, tentando ser profissional ouvindo a lamentação alheia; não lamento que eu tenha ficado alguns poucos dias de licença ajudando a tia, irmã da mãe, se bem que esse anjo caído do céu nem precisou muito, ela sabia bem o que estava fazendo o tempo todo, chamou pra si a responsabilidade de cuidadora e o fez com louvor; não lamento ter ficado junto dos irmãos, da tia e do meu esposo no momento derradeiro.

Lamento sim, por pessoas que não puderam se despedir de seus entes queridos como eu pude, mesmo com meu coração em frangalhos, estive consciente e ciente desde que soubemos que ela enfrentaria seu maior medo e o fez com bravura, devo dizer. Lamento que muitos de nós não consigam nem se lamentar, que escondam sentimentos sob uma grossa casca de orgulho ou seja lá o que for…

Lamento que você também tenha perdido alguém e sinta saudade, só não lamento que outros tenham a dádiva do dia de hoje e possam comemorar, possam, inclusive, se lamentar como eu! Por isso, não lamento minhas lamentações, pois, fizeram-me mais gente.

Como eu gosto de uma boa prosa, provável que tenha “puxado à mãe” nesse quesito, o netinho aí junto dela também, fala feito matraquinha e os dois se davam bem por isso, era um converseiro, ele bagunçando os cabelos da avó, ela ria feito criança com a peraltice… Não lamento momentos assim que ficaram registrados na mente e no coração.

Mãe, esteja na Paz de Nosso Senhor!Imagem: arquivo pessoal (não autorizada a sua reprodução)

E você?

segunda-feira, 8 de março de 2010

Meu dia, seu dia, nosso dia!

Nascemos mulheres, é fato.

Crescemos envoltas em expectativas básicas de nossos pais, do tipo “sermos felizes para sempre”, além de casarmos e termos filhos futuramente, embora eles saibam o quanto a realidade é adversa aqui fora e como suas “princesinhas” podem se frustrar.

Que pai e mãe, por mais moderninho que seja não quer a filha apaixonada por um bom rapaz, sem vícios e trabalhador, que a proteja na ausência deles; estudada também, por que não? Possivelmente há de trabalhar fora como a maioria das mulheres fazem nos dias de hoje, diferente das nossas avós e bisavós; além disso, casada como manda o figurino e com filhos saudáveis, ou seja, netinhos e/ou netinhas para completar o ciclo. De resto, longe dessas expectativas, nós mesmas traçamos o mapa de nossas vidas e muitas vezes mudamos o curso totalmente, não é? E temos a certeza que, mesmo não seguindo o “manual básico  para meninas”, podemos ser felizes.

Algumas não sabem sequer fritar um ovo; muitas não querem uma vida a dois; poucas querem fazer os votos para uma vida religiosa e, no final, todas desejam o amor, seja pelo próximo nas atividades beneficentes, seja pelo homem dos seus sonhos, seja o da maternidade, não importa porque a mulher tem um coração que tende a falar por ela em muitas circunstâncias e sim, há mulheres que nasceram sem coração também, infelizmente.

Falo por mim, falo por outras iguais a mim e creio que existam centenas, milhares e até milhões de seres que desejam um mundo mais humano, mais digno, por que não dizer até mais feminino? Um mundo cheio de detalhes, não esses da burocracia desmedida; repleto de cores, não somente o rosa ou o azul; mais igualitário e fraterno, não do tipo em que os opostos trocam de lugar apenas e concorrem entre si; mais consciente, ecológico, sustentável, menos inconsequente, ilógico e irresponsável, isto é, um mundo em que caiba você, eu e todos os outros, não só o clube da Luluzinha nem o do Bolinha.

Quero parabenizar os esforços de cada mulher em manter o que é correto no lugar, de se desdobrar e mudar o que é preciso e de dar o máximo e o melhor de si para vivermos num lugar em que possamos sentir o calor humano, aquele do tipo “colinho de mãe” ou mesmo “abraço de pai” porque muita gente não teve a oportunidade do primeiro, sabe?

Como boa madrinha que pretendo ser, não poderia deixar de homenagear a minha mais nova sobrinha e afilhada que nasceu na sexta-feira passada, dia 05/03 e veio engrossar a fileira das mulheres (bonequinha fofa da dinda!rs) e desejar para a mamãe Cris um dia especialíssimo, dizendo mais, quem pôde passar pela maternidade sabe o quanto é importante o sentimento de proteção, de dignidade e de amor que emana de nós.

Sejamos portadoras do belo e do divino aonde quer que tenhamos de ir!

"Considerai os lírios, como crescem; não fiam, nem tecem. Contudo, digo-vos: nem Salomão em toda a sua glória jamais se vestiu como um deles." (São Lucas 12,27)

terça-feira, 2 de março de 2010

1 ANO Blogando!

O dia de ontem, 1° de março, foi curto, mais do que fora em outros, porém, não esqueci de que há um ano venho interagindo na blogosfera, aprendendo, descobrindo e partilhando o meu pouco, porém, é com carinho e dedicação que o ofereço a quem queira receber, pois, de outros também aceitei.

Blogar não é fácil, requer tempo, afinco, desprendimento, paciência, insights e inspiração, bons textos, visitas, comentários, espírito de coletividade, respeito e muitas outras coisas que só os blogueiros comprometidos serão capazes de enumerar, entretanto, blogar é um vício que alimentamos em cada palavra, em cada parágrafo, em cada post. Vícios não são boas coisas, podem “desandar” nossas vidas, então, há que se controlar, há que encontrar o equilíbrio dentro de cada um. Basta olhar o arquivo e ele mostrará a quantas andamos… [:D] E não estou criticando os que postam diariamente, menos ainda os que, como eu, postam de maneira esparsa, apenas digo que cada um descubra o seu limite porque tenho experimentado o meu, paulatinamente, fazendo mudanças, seguindo um ritmo próprio.

Dia desses, num curso, ouvi que Deus nos dá a chance de renascermos em cada novo dia, enquanto vela nosso sono, sono esse que não percebemos e que, momentaneamente, faz-nos fenecer, por isso, desejo partilhar um pouco mais, presenteando aos que pelo Viraletras passam, com uma oração que faço ao levantar, recobrando-me as forças, reavivando minha mente e coração.

Espero que eu possa continuar por muito tempo e, independente do número de posts, consiga filtrar o melhor, agregando valores, conhecimento e amigos virtuais que são reais, afinal, quem bloga é gente feito eu, feito você (ainda não é? O que está esperando? Ah, sim! Um novo amanhecer…).