sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Who Wants To Live Forever?

Em março, quando estreei este humilde blog não sabia exatamente até que ponto chegaria (ainda não sei!), desde então venho (a conta-gotas) desenvolvendo, aprendendo, partilhando o que posso e satisfaço-me com cada conquista. Não almejo aumentar dígitos, embora a curiosidade os procure aqui e ali e sejam, de certo modo, consequência dessa inter-relação na blogosfera, isso não é o que me motivou inicialmente e, agora, mantenho o propósito de, simplesmente, continuar a

CRESCER

Parece algo tão banal e tão simplório, não acha? Alguns  podem dizer que isso é balela porque bem lá no fundo todos querem um lugar ao sol com direito à sala VIP, então, por que alguém se alegraria em ser apenas mais um? Eu direi…

A razão do post de hoje é, novamente, em homenagem a minha mãe. Lá se vai um ano do seu falecimento e parece que foi ontem! Mencionei-a aqui e acolá, não gostaria que o assunto se tornasse chato e recorrente, contudo, é inevitável que recorde datas e fatos tão marcantes para mim e, sobretudo, das lições que  me fizeram uma pessoa diferente (não radical nem completa!), porém, um tanto quanto destemida em relação à morte. Presenciar os últimos dias da mãe e percebê-la “abraçando o próprio fim” nessa esfera terrestre foi, inexoravelmente, doloroso e revelador. Quando meu esposo perdeu o pai há mais de 11 anos eu passei a me perguntar: quem perderá quem a seguir? A vida seguirá a linha aparentemente óbvia dos “mais velhos primeiro” ou nos surpreenderá?

De certa forma ela seguiu o curso mais ou menos esperado “os pais antes dos filhos”, não necessariamente na ordem dos mais vividos ou de idade avançada. 

Por alguns instantes custo a crer na efemeridade, mas, o fato é que não está entre nós como a conhecemos no passado, salvo as lembranças, tanto as boas quanto as ruins pululam em *nossas mentes e corações. De início sonhei com ela umas três vezes, tentei decifrar o que significava: seriam recados ou somente resquícios da memória  transitando entre o que foi e o que é? Como ter certeza?

A depender da doutrina que se segue e se acredita há respostas que acalentam e dão o impulso necessário para continuarmos a caminhada, para continuarmos a crescer, não importando que idade teremos ao findar. Um cunhado costuma dizer em nossas rodas de conversa: Quem quer morrer? Ninguém, claro. Concordo (também quero ficar velhinha e cheia de netos, bisnetos… quem sabe?) e mesmo os que procuram a morte prematura o fazem à revelia, entretanto, tanto uns quanto outros estão fadados a fechar ciclos nesta vida (nascer, balbuciar, engatinhar, andar, estudar, trabalhar,etc.,etc.,etc.) e a morte encerra todos eles. Tenho a dizer que minha mãe fechou muitos ciclos por aqui, se do jeito certo ou errado, não cabe o julgamento, alegro-me que ela tenha visto os filhos se casando e lhe dando netos e netas, que tenha deixado bons exemplos como mãe, superando alguns equivocados ou incorretos, afinal, antes que ela fosse mãe ou qualquer outra coisa, era um ser humano em busca de sonhos e ideais.

"A Luz que traz Vida convida-nos a CRESCER diariamente!"Imagem Stock Photo

E, ao contrário das muitas lágrimas que permearam meus textos há uns meses, confesso que algumas ainda permeiam - e isso só mostra o quanto não sou indiferente ao que vivo; hoje tenho a firmeza de aceitar e conviver com essa perda, em particular, pois, compreendi que mesmo ela é passageira, que os contornos da vida podem ser alterados de modo que sejamos gratos e felizes pelo que somos e temos e também pelo que fomos e tivemos, compreende?

Ofereço este vídeo aos que chegaram até aqui, com a canção que inspirou, em partes, o post de hoje. Agradeço a cada pessoa que se manteve próxima, fosse com uma palavra amiga ou mesmo em pensamento, numa oração. *Em especial, ao meu esposo, irmão e cunhada que estiveram e estão sempre presentes em momentos importantes na travessia do luto à luta!

6 comentários:

Elaine dos Santos disse...

Jô, eu não temo a morte, eu temo o sofrimento... se morrer, tanto faz, mas não queria sofrer e nem fazer sofrer...
Quanto a morte da sua mãe, a minha partiu já se vão 21 anos, não digo que não sinta saudade, mas existe algo que se repete sempre dentro de mim: no lugar em que ela está existe paz, não há dor, nem sofrimento, ela está com os amigos, com os pais (dê o nome que quiser para isso!), mas é a fé que me alimenta e me faz, sempre, rezar para que ela tenha paz...Se ela ainda estivesse por aqui, talvez as coisas fossem diferentes, talvez alguns sofrimentos tivessem sido evitados, mas creio que ela cumpriu o seu papel e o cumpriu com extrema dignidade...o que os outros falam, o que os outros pensam, não tem mais valor. O grande amor e o grande respeito que sinto por ela estão guardados no meu coração. E vou levando a vida...ou sendo levada por ela.
Gostei muito do seu texto...não sei para você, mas, para mim, faz muito bem escrever. abçs e boa semana :)

disse...

Olá Elaine!
Sábias palavras as tuas! Realmente, também não desejo o sofrimento, porém, ao ver a mãe temer tanto o cálice do qual ela foi obrigada a tomar, percebi concretamente que só em Deus está nossa segurança, não há como fugir disso ou daquilo, a gente pode se esforçar tentando evitar algumas doenças ou alguns acidentes, contudo, a vida de cada um é um grande e nebuloso mistério sem precedentes. Orações devem fazer parte de todos os momentos, tanto bons quanto os ruins. Eu procuro mais agradecê-Lo nos bons e suplico sabedoria nos tempos ruins.
Para mim escrever faz muito bem sim, aliviou a minha dor o suficiente desde que comecei o blog, foi pura terapia e continua sendo, essa troca é excelente, é um conforto e tanto! Concordo contigo e acredito que nossas mães estão em paz e cumpriram suas trajetórias por aqui com muita dignidade.Obrigada por compartilhar sempre! Bjins e até!

Bruno Cobbi disse...

Olá,

No tarô, a morte é sinônimo de recomeço. O luto, junto com o trabalho e o prazer, são as três capacidades que nos distinguem dos demais seres.

Seu ritual de luto é nobre. É nobre o se ato de dividi-lo conosco, leitores do Viraletras.

Luz, guerreira!

disse...

Oi Bruno!
Muito bom aparecer novamente e com palavras de amizade tão belas. Deixou-me feliz e emocionada, com certeza.
Dividir esse fardo pareceu-me o melhor jeito de aliviá-lo, sinto que tem surtido efeito, pois, o coração ficou menos apertado, menos triste e eu sei que longe ou perto, real ou virtual, as pessoas são capazes de transmitir paz e trazer alento. Obrigada mesmo! Bjins e até mais ver!

entremares disse...

Jô...

Quem quer viver para sempre, pergunta a canção...
Ninguém, certamente. mas todos queremos que os momentos felizes sejam eternos, que os momentos tristes não existam, que as recordações sejam simplesmente as boas recordações.

Tenho muita dificuldade em falar da morte. talvez por não a perceber completamente.

Prefiro pensar que tudo o que cá deixamos são simplesmente memórias nos outros. E se possivel... boas memórias.

Tudo de bom para ti...
Rolando

disse...

Olá!
Rolando, eu creio que não queiram viver para sempre as pessoas que estão sofrendo muito, que perderam os sonhos pelo caminho, que se desiludiram demais com a vida, enfim, que perderam totalmente a fé no que é essencial e que nos dá forças, que nos movimenta!
A morte é um mistério que todos descobrem mais cedo ou mais tarde, tememos o que é desconhecido, porém, não se pode viver assim com medo excessivo, pois, é ele que destrói sonhos e nos impede de sermos plenamente felizes.
Concordo que devamos deixar boas memórias, daí a necessidade de sermos pessoas melhores a cada dia, apesar das tristezas com as quais convivemos.Obrigada por aparecer e compartilhar.
Bjins e até!