segunda-feira, 26 de outubro de 2009

VIveR As LETRAS!

Quantos textos cruzam a tua vida?

Imagem Stock Photo

Não leio tudo o que gostaria, todavia, quando leio algo que atrai minha atenção procuro aprofundar, um pouco que seja, detalhar ou descrever para mim mesma como se fosse um quebra-cabeças, as peças têm que se encaixar em algum lugar e de algum jeito, caso contrário, perde a graça; ao menos é assim que vejo o hábito da leitura atualmente, não posso dizer que o fizesse deste modo na adolescência, tudo era muito mecânico (a velha decoreba!) e, talvez por isso, aliada à divisão do tempo entre família, trabalho e casa, não leia mais do que deseje hoje. Aproveito muito do que absorvo e abstraio nas leituras pela Internet, em especial pela blogosfera, isso é coisa que jamais imaginei fazer no passado, pois, as bibliotecas eram o meu único reduto de pesquisa e estudos, e não lamento por isso, pelo contrário, acredito que são locais onde a energia é outra, consequentemente, a leitura também, é muito diferente folhear livros e procurá-los pelas prateleiras – tem um gostinho diferente se comparado ao ato solitário diante da tela, sem o colorido das capas e os cheiros das páginas, aquele clima de leitura e descobertas por si é desafiador, sem a boa e prática ajudinha do Google!

Embora muitos pensem que somente matemática, química ou física “queime neurônios”, enganam-se! Ler é uma espécie de equação. Estranho, não? A mim não parece tanto, principalmente depois de refletir o hábito da leitura nos meus anos de estudo e vê-lo através das pessoas, no dia a dia, em contato com o mundo. Meu marido (cursou matemática, pois, o homem dos números! Avesso às letras – e minha recíproca é verdadeira! Contudo, trocamos sacrifícios na direção oposta também…rs) veio com uma curiosa indagação por conta de um e-mail no qual é discutida a questão do analfabetismo e não fiquei tão surpresa quando ele disse “serem qualificados como analfabetos aqueles que não interpretam textos”, diferente de uns 50 anos atrás em que o analfabeto seria alguém que tão somente não conseguisse “fazer um Ó com o fundo da garrafa” (minha mãe deixou-me por herança alguns bons e velhos ditados!).

Algumas manias particulares de leitura fundem-se também às da escrita, acredito que seja um movimento semelhante ao "na Natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma" (Lavoisier) porque ao utilizar recursos de pesquisa como dicionário e gramática, inclusive a Internet, além da fonte inesgotável de ideias (e prazer!) feito os livros, descubro que o impulso em ler isto ou aquilo não vem por si só (do nada!), vem atrelado a alguma necessidade ou gosto específicos, se não há nenhum interesse em ler é provável o fracasso no escrever e não estou discutindo “estilo”. Quem já não se deparou com bilhetes ou cartazes mal escritos, em que fora necessário um esclarecimento pessoal para se entender o conteúdo? Provável terem sido obras de leitores com déficit na sua alfabetização. Também tenho lacunas no aprendizado ao longo da vida, entretanto, sou da opinião que nunca é tarde para melhorar ou mesmo para começar! Quem não se encanta com histórias de conquistas por pessoas idosas? Alguns dirão que é bobagem um senil formar-se na faculdade ou recomeçar a vida após os 60 (quando muitos esperam que apenas se aposente e, silenciosamente, fique na cadeirinha de balanço sob o sol da varanda!), eu discordo e apóio os que queiram se aventurar. Tive um amigo na faculdade com seus mais de 40 anos, grande ser humano e que, apesar das dificuldades, superou e caminhou com os mais jovens, orgulhei-me em trabalhar com ele nos estudos em grupo.

Ler não é só decodificar caracteres automaticamente, ler exige mais, contudo, retribui os sacrifícios em forma de encantamento e aprendizado contínuos. Procuro ler no silêncio, barulhos tumultuam minhas ideias (e como é difícil obter silêncio com o matraquinha do meu filho! Missão praticamente impossível!), não é à toa que reduzi muito a leitura de livros do começo ao fim nesses últimos anos, tenho lido capítulos, páginas… ainda assim são leituras proveitosas, enriquecedoras. Leio para ele também, volto às raízes da infância e desejo que esse interesse natural da criança pelas histórias perdure em sua vida.

Além do silêncio, do aprofundamento, das pesquisas de apoio ao texto (dicionário, gramática), uma nova mania se fez nesta leitora, advindo do blog: linkar. Muitos já utilizam o termo como parte da rotina da rede, porém, antes de saber com exatidão e usá-lo tanto nos últimos meses, ouvia professores “linkando um texto ao outro”, “linkando parágrafos, frases, orações…” que nos serviam de exemplo nas aulas e, compreendendo que linkar era o mesmo que ligar uma coisa à outra, não fazia ideia de que na prática esse hábito me levaria a diversas leituras, o que muito tem contribuído por aqui (na vida real e na virtual!).

Este texto faz parte da blogagem mensal do “Vou de Coletivo!” sendo o tema do mês de outubro "Hábitos de leitura: quais são as suas manias na hora de ler?"

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

“Sempre fica um pouco de perfume…”

Todos tivemos e os que ainda frequentam os bancos escolares devem ter uma lista dos seus bons e maus professores e, inevitavelmente, mesmo que não gostemos de lembrar deste ou daquele, cada um compôs o mosaico de nossa carreira estudantil. Da mesma forma, para eles sempre haverá aquele “pestinha” a infernizar suas aulas, o “matraca” a disputar as atenções, outro “desligado” que parece estar sempre longe e tantos tipos característicos que bem sabemos existir entre os alunos.

Enquanto aluna fiz o tipo “muda” durante o fundamental e só no magistério é que acabei me desinibindo, já na faculdade interferia nos bons debates e mergulhava nos estudos em grupo, sugerindo e puxando os trabalhos em muitas das vezes. Do outro lado, no pouco tempo em que lecionei, fosse estagiando ou recebendo para isso, convivi com várias faixas etárias e comunicava-me bem com todas, exceto com alguns adolescentes, pois, faltava-me a experiência e a maturidade, creio que me viam como “uma deles” e isso era péssimo! O respeito e a disciplina nem sempre aconteciam de forma satisfatória, exauriam-me as forças! De qualquer maneira, essa troca fez com que eu crescesse e apreciasse ainda mais a profissão pela qual me apaixonei um dia.

E, estereótipos à parte (ou não), lembro-me de muitos professores e professoras e , provavelmente, você tenha tido alguns semelhantes: minha primeira série foi marcada por uma “tia” bastante apática e sem graça, focada apenas no be-a-bá, ao contrário da professora subsequente que elogiava e, ao mesmo tempo, ralhava pelo excesso de páginas que eu preenchia nas redações (cinco ou seis) – ainda padeço desse mal! Entre a turma chegou a ficar afastada pelo descuido com as cordas vocais, punha emoção demais nelas! No terceiro e quarto anos do fundamental as “tias” eram, respectivamente, carinhosa e dada a ter alunos auxiliares em classe.

Da 5ª a 8ª séries alguns se destacavam por detalhes interessantes: uma professora de ciências que a todos cativava; um professor de história que nos levava a passeios para universidades e outros lugares fora da sala, uma figura com seus óculos fundo de garrafa; a professora de estudos sociais revoltada com “sistemas” fazia-nos sentar em círculo para não reproduzir a hierarquização social; um de matemática que nutria amor pela disciplina e pela educação, especial, mesmo para mim que preferia as letras aos números.

No ensino médio cursei o magistério e por lá houve vários mestres e mestras direcionando futuras(os) profissionais da educação. Uma que marcou não só a mim, mas, toda turma que se defrontasse com ela, professora de metodologia do ensino da matemática, tínhamos que ler vários livros das coleções “Vivendo a Matemática” e “A descoberta da Matemática”, resumir e propor atividades, era um suplício, entretanto, aprendíamos muito! Igualmente a professora de inglês precisava recuperar tempo perdido e guiou-nos por vários títulos da “Literature for beginners”; a de Alfabetização encantava-me assim como o de Psicologia, senti por não serem disciplinas com mais horas na grade. Na faculdade, recordo alguns: o bom e idoso professor de Latim fez-me aprender sintaxe como nunca; o mesmo professor que lecionou Teoria da Literatura no primeiro ano, também lecionou Literatura Brasileira no último ano e beirava a crueldade, às vezes, tamanhas eram as suas exigências! E a minha preferida foi a professora Lídia, de Produção de Textos, e, não fossem alguns percalços e frustrações acumuladas, eu teria feito especialização na referida disciplina, quando decidi recusar a chamada. Coisas da vida! Ela também me ensinou muito, porém, meus educadores ensinaram mais!

Impossível descrever tantos outros, porém, todos deixaram suas impressões, fossem boas, outras nem tão boas assim e, mais que impressões, deixaram conhecimento e um mundo a ser explorado a quem quisesse descobri-lo.

Hoje dedico sinceros agradecimentos aos professores que fizeram parte da minha trajetória escolar, deixando um pouco de si ou mesmo muito, cabendo completar o título do post: "...nas mãos de quem oferece flores!".

Compartilharei uma leitura que surgiu daqui e foi parar ali, resumindo quão importante, inovadora e desafiadora pode ser a arte de educar.

A cabeça e o coração dos professores são as coisas mais importantes.” ALVES, RUBEM. Revista Ler & Cia. Ensino: Novos caminhos para a educação. ed.28, p.17, set/out. 2009.

blackboard

Este texto é parte da Blogagem Coletiva “Professores do Brasil” proposta pelo Valdeir do Blog Ponderantes

Fonte da imagem: Google

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Quando eu era criança…

Lembra daquela canção infantil “quando eu era neném, neném, neném, eu era assim…eu era assim…”? (gesticulávamos como se estivéssemos sendo embaladas ao colo por nossas mães) - os versos e gestos eram trocados para cada fase da vida: criança, mocinha, mulher, velhinha… e parecia apenas uma brincadeira de criança.

O interessante é que se “toda brincadeira tem seu fundo de verdade” esta é uma delas. E, conforme crescia, repeti muitos dos gestos da referida canção na prática: desde ser embalada, brincar entre as crianças da vizinhança, usar batom e salto alto… vejo-me seguindo a vida sem ter certeza se repetirei o gesto da velhinha, e é claro, espero que sim!

Nostalgia, às vezes, é bom e recomendo, o excesso vira depressão e falta de perspectiva. Não se deve viver do no passado, apenas usá-lo como base de (in)formação, reconhecimento da própria identidade e, consequentemente, provocar uma avaliação de si; positiva, se possível! Afinal, Cazuza há muito cantava que o tempo não para, então, para que viver preso sem aceitar as mudanças naturais que são impostas pela existência?

Na adolescência ouvi pessoas mais velhas dizendo que temiam a velhice e eu não compreendia a razão de temerem o inevitável, obviamente, quando nada as impede continuar sua trajetória. Hoje, mais amadurecida, entendo que a velhice não deve despertar o temor, mas sim a solidão e o enfado de uma longa caminhada vivida sem muitas alegrias e perspectivas. Portanto, o dia das crianças deve ser uma data muito mais que comercial como tantas outras, deve ser o dia de revigorar-se observando a natureza ingênua e feliz (muitas vezes sem brinquedos caros!) dos pequenos. Sinto-me rejuvenescida quando rio das pérolas que meu filho fala, ainda que, aos poucos essa inocência vá ficando pelo caminho enquanto ele cresce; quando o observo brincando sem as preocupações que a vida adulta incute em cada um, vida esta que pode ser melhor com uma ajudinha extra nossa, não é?

Ao pensar que tudo é e sempre será, ontem eu, hoje ele, amanhã meus netos e netas (quem sabe?), a nostalgia pretende invadir o espaço e é preciso dar-lhe de ombros, pois, a vida continua e as crianças são provas reais disso! São flores que enfeitam o jardim da existência humana, necessitam cuidados especiais para que não murchem, não sufoquem entre as ervas daninhas e consigam desabrochar na plenitude. Cuidemos com esmero da infância e observemos a beleza dela refletida em cada um.

Tenha um feliz dia das crianças, em paz com a criança dentro de você!

batutinhas

Fonte da imagem: Google

Do filme “Os Batutinhas” (The little Rascals)

P.S.: Se eu fosse você assistiria! Divirta-se com elas!

sábado, 10 de outubro de 2009

Restart

A pausa acabou e eu estava com saudades da blogosfera, já li algumas coisas a respeito e, de fato, quando nos envolvemos com o hábito de blogar encontramos pessoas e cultivamos um vínculo que torna essa necessidade contínua. Obviamente que cada uma dessas pessoas tem metas específicas para esse hábito, todavia, convergimos todos para um ponto em comum: interação.

Este post veio pela necessidade do meu retorno, mas também porque a ideia surgiu exatamente num desses momentos de interação em resposta ao comentário da Luma, pensei bem e descobri que blogar e pôr a casa em ordem são coisas parecidas. Duvida?

Pude organizar o que precisava, jogar fora o que já não servia mais para ninguém e doar coisas que não serviam mais a mim, entretanto, servirão para outros. E, fazendo uma ponte entre estes elementos: organizar, descartar e doar, é fato que eu me vejo, vira e mexe, fazendo o mesmo no blog (não necessariamente nesta mesma ordem! :D)

A rotina é uma coisa boa porque nos mantém seguros nos trilhos da vida, porém, viver totalmente presos a ela nos impede de elaborar novos pensamentos, tornando as atividades praticamente automatizadas e aí é que a mesmice toma conta do resto. É por isso que uma pausa, eventualmente, é necessária e benéfica para qualquer pessoa.

E, também por sugestão da Cris, dentre os últimos comentários, recordarei os melhores momentos dessa pausa, no melhor e no mais tradicional “minhas férias”…rs.

Não viajei, até gostaria, quem sabe no próximo ano ou em outra ocasião, a vida é cheia de surpresas e isso alivia a tristeza de não ter feito o que quase todos fazem nas férias. Por outro lado, fiz muito mais do que me propus e estou satisfeita, a casa está cheia de pequenas e notáveis mudanças, faz com que eu me sinta renovada, parece loucura (e pode até ser! :S), mas, mudar móveis de lugar, reorganizar prateleiras e gavetas e, sabe aquele espaço que não sabíamos como chamar? (quartinho de brinquedos, quartinho da bagunça, escritório, de tudo um pouco e até provisório/improvisado para visitas, pobres coitadas delas…kkkk! Então, recebeu um nome que, ao meu ver, ficou melhor que o indefinido “quartinho d(e)(a)… ??!” – sala de entretenimento, inclusive, cá estou, entretendo-me com o blog!

Curti a família, descansei, aliás, não quis nem ver noticiários (a gripe H1N1 se foi? A dengue começou? Só na terça-feira é que retorno ao trabalho e aí sim vou me preocupar…) e assisti a filmes bacanas, gosto dos que me causam emoção de algum modo: De porta em porta, O curioso caso de Benjamin Button e Passageiros. Há vários outros que ainda estão na espera e estou ansiosa para vê-los! Serão uma forma de prolongar o gostinho das férias no retorno ao trabalho.

E uma novidade interessante por aqui foi a reativação do nosso pequeno aquário, meu filho sempre nos pede um animalzinho de estimação, eu não sou adepta de nenhum deles, tenho medo e falta de paciência em mantê-los, sei que peixinhos não fazem exatamente a mesma relação, porém, a asma dele não combina com o pelo dos demais e minha rinite alérgica, certamente, também não combinaria, enfim, o fato é que nos afeiçoamos aos pequeninos e ficamos feito bobos os observando nadar de cá pra lá, de lá pra cá… meu filho tratou de batizá-los no mesmo dia, fiquei feliz em vê-lo encontrando o melhor nome para cada um dos seis que lhe demos. Agora é aprofundar conhecimentos em aquariofilia, afinal, precisarão de cuidados como todo ser vivo merece e, falando em cuidados, incomoda-me profundamente quando vejo cães abandonados pelas ruas, além do perigo em se deparar com um animal maltratado, mostra quão descartável ele se torna para muitos de seus donos e essa é uma pergunta que me faço quando meu filho pede um cão, gato ou coelho: qual a real necessidade e função de um bichinho na nossa vida se muitos são tratados feito “coisas”? O ser humano é estranho…

As únicas coisas que me entediaram nesse período foi não estar totalmente livre, pois, meu filho e marido tiveram aulas! Cá estava eu, ao mesmo tempo descansando e me preocupando com horários…aff! Bom, nem tudo é perfeito! Mesmo assim, minhas férias foram ótimas.

E de volta à ativa, pretendo continuar interagindo com o mundo, seja o real, seja o virtual, ambos fazem a vida prosseguir… então, prosseguirei…

caminhos-da-fazenda_1304_1024x768…se possível, encontrando e fazendo novas coisas pelo caminho aparentemente igual.

Fonte da imagem: Site Fotos e Imagens.etc.br