sábado, 1 de maio de 2010

Trabalhador: rima melhor com labor ou com amor?

“O que eu faço é uma gota no meio de um oceano. Mas, sem ela, o oceano será menor.” – Madre Teresa de Calcutá

Creio que essa citação resume, em partes, minha visão no mundo enquanto trabalho. Noto que muita gente trabalha mecanicamente, mal se dá conta da própria importância naquele momento para determinadas pessoas e, trabalhar a contragosto ou por simples necessidade monetária sem pensar nisso é deixar uma boa parte da vida passar em branco e tristemente. Dinheiro é fundamental para a subsistência, nem sempre para preencher nossa complexa existência.

Tive alguns empregos ao longo da vida: secretária de advogado; auxiliar de escritório numa ótica, onde também exerci funções de caixa, vendedora e estoquista; auxiliar de ensino e, há quase doze anos, continuo no serviço público. Por vezes me pergunto: Será que envelhecerei fazendo a mesma coisa? Terei estômago de aço para suportar mais as dificuldades que a cada dia ganham proporções inimagináveis ao meu redor? Garanto, em cada um deles dei o melhor de mim e quando meu melhor não estava comigo, resolvia que era hora de mudar.

Comumente algumas pessoas tendem a jogar sobre o funcionalismo público (especialmente sobre aqueles que encontram pela frente!) toda sua revolta e amargura pelas dificuldades enfrentadas no dia a dia, seja culpa das autoridades ou nem sempre por isso, pode ser que naquela circunstância as coisas não tenham dado tão certo para elas e pronto! Dizem coisas que elas mesmas não gostariam de ouvir em seu ambiente de trabalho, com certeza! Há quem até volte atrás e se desculpe.  Existe, via de regra, uma depreciação generalizada do que eu e outros colegas fazem com dedicação e extrema responsabilidade; isso deve-se ao fato de uma minoria, corrupta e indiferente, muito bem remunerada, diga-se de passagem, manter-se distante da verdadeira realidade que, nós, funcionários da base, vivenciamos diariamente.

Em contrapartida, ainda que em raríssimos casos, há pessoas que reconhecem e tornam público o seu apreço por nossos esforços como foi o caso de um paciente nessa semana, que dia após dia tem comparecido para realizar curativos em seu braço; ele escreveu uma pequena carta agradecendo o carinho com que o tratamos todas as vezes em que precisou de nosso trabalho e conseguiu nos arrancar lágrimas. Deixamos a referida cartinha pendurada, como um lembrete de que vale a pena continuarmos, apesar das adversidades enfrentadas.

Todo trabalho é recheado de prós e contras, não vejo um que traga apenas benefícios, mas, a maneira como  vemos e lidamos com qualquer coisa que nos propomos realizar faz toda diferença, tanto, que deixamos transparecer aos outros: estando fatigados e desmotivados, provável que nossas feições denotem tristeza e/ou mau-humor, e, ao contrário, estando receptivos e conscientes da nossa importância, certamente, nosso semblante dirá  que podemos ser via de acesso e de bons resultados. Vejo isso na prática. Aprendi, portanto, que devo estar envolvida com o outro e com o meu trabalho, que sou também uma gota no oceano com a qual Madre Teresa se comparava, porém, que não a deixou impotente diante das mazelas humanas que enfrentava, aliás, a fez tão forte que se tornou exemplo da dignidade humana no trabalho que realizou.

Você pode pensar que seu trabalho nada vale, mas alguém pode precisar muito dele, especialmente, quando o faz com o coração!

“O que eu faço é uma gota no meio de um oceano. Mas, sem ela, o oceano será menor.”

Fonte da imagem: Google

2 comentários:

Valdeir Almeida disse...

Jô,

Concordo com você. Em qualquer trabalho existem prós e contras. O que devemos fazer é cada vez mais lembrarmos que existem pessoas com as quais trabalhamos (seja cliente, aluno, paciente e até mesmo os colegas de trabalho).

Quanto ao funcionário público, ele é um "saco de pancadas" quando é um simples funcionário. Mas quando é o figurão de alto posto as coisas são bastante diferentes.

Beijos, Jô, e um ótimo domingo.

disse...

Oi Valdeir!
Você bem disse: existem pessoas! Muita gente esquece desse importante detalhe no dia a dia e trata umas às outras feito bicho ou menos que isso, se tornam automatizadas, sei lá...é uma coisa esquisita que parece até vírus (com essa campanha da H1N1 não esqueço das doenças...rs). O funcionalismo público é algo muito diferente dos outros tantos empregos pelos quais passei, não que naqueles também eu não tivesse passado por situações de humilhação, desdenho e coisas semelhantes, porém, o grau de responsabilidade abrange outras preocupações, com certeza. Tem a ver mais com o coletivo do que com o individual, assim também os professores, não é?
Obrigada por sempre aparecer e deixar comentários tão especiais.
Bjins e bom domingo pra ti também!