Por que apenas uma Semana Santa em meio às outras cinquenta e duas do ano?
É claro que tenho minha resposta, só estou suscitando a curiosidade do leitor, típico de metodologia do magistério, de professor tentando "arrancar" dos alunos o precioso conhecimento que trazem das suas famílias, do trabalho, das vivências sociais e de toda bagagem acumulada de suas próprias experiências. Se eu quisesse apenas repassar algo pronto diria à turma que encontrasse a resposta na Bíblia lendo Êxodo, particularmente o capítulo 12, da leitura de outras fontes históricas e exigiria uma resenha, o que também não seria má ideia.
E você, caro leitor, que pensa sobre isso? O que é ser Santo(a)? De acordo com meu amigo de várias horas, especialmente as de dúvidas ortográficas – Aulete Digital – o adjetivo vem a ser: Sagrado; bondoso; virtuoso; inviolável; eficaz; útil; ingênuo; inocente, ao contrário do que é profano ou mundano (próprio do mundo, carnal), ou seja, temos semanas comuns nas quais, geralmente, deixamos de lado o que é Santo e temos, em especial, esta Semana na qual se concentram as diversas peças teatrais, inclusive, grandes e belas encenações de trechos bíblicos Brasil afora. Penso que todo sentimento transbordante nessas ocasiões deveria se estender para as demais semanas, por que não? Infelizmente não acontece assim, é uma daquelas situações em que nos comovemos, nos emocionamos momentaneamente e podemos voltar ao que éramos (cf. Ex 13, 17) e peço a Deus que esteja redondamente enganada! Observo assim dois pilares que basicamente sustentam o ser humano (ou não, pois, muitas vezes deterioramos rapidamente um ou outro ou pior, a ambos): o carnal e o sacral.
Tem que haver a divisão entre o que é mundano e o que é Santo? Com certeza sim e creio que aos olhos da alma de todo o que acredita nessa Verdade também (cf. I Cor 15, 14; 32-34) afinal, sem ela não teria razão celebrarmos tal Semana porque é o fundamento da fé cristã, sem esta Santificação seria impossível concebermos a pureza do espírito, a vivificação plena da alma, isto é, continuaríamos sendo apenas carne de nossa carne desde os primórdios da humanidade, sem nada a acrescentar; todavia, se concordamos neste ponto, corpo e alma poderão, enfim, encontrar harmonia nos mistérios divinos (cf. I Cor 15, 53-57).
A humanidade tem caminhado cada vez mais numa única direção: a do ter em detrimento do ser; da intolerância dando lugar à violência desenfreada, deixando em último plano - quiçá estiverem na lista - o perdão, o amor, a paz; do "eu" imperando tiranicamente, inclusive, tornando-nos cada vez mais "escravos" de nós mesmos.
Desejo que esta Páscoa seja realmente "libertadora", de "renascimento" e de transformação contínua para encontrarmos a Santidade (cf. I Pd 1, 16), posto que, de outra maneira as dificuldades do caminho serão intransponíveis.