sexta-feira, 17 de julho de 2009

REFLEXÃO - Pais e Filhos

Felicidade: paro, penso e...
sinto-me feliz!
Boas coisas aconteceram, outras nem tanto e daí? Coisas curiosas e estranhas também. Seriam pequenos sinais divinos? Seria hora de mudar hábitos e rotinas? Seria o momento oportuno ou o mais certo a se fazer?

Dia desses ouvi um depoimento de uma jovem que sofreu um terrível acidente, inclusive, sua história veicula em PowerPoint pelos e-mails, eu mesma cheguei a achar que fosse criação de alguém tentando amedrontar os que (ainda) bebem e dirigem. O pior é que o fato foi real! Em resumo: um motorista embriagado causou um acidente com o carro da jovem, o qual se incendiou com ela e a deformou de tal maneira que lá se foram 40 cirurgias e muito, muito sofrimento com queimaduras de 3º grau em mais de 60% do corpo. Imagina um absurdo desses? Tamanha dor (no corpo e, especialmente, na alma) é incalculável, foge à minha pequenez... a história dela poderia culminar em suicídio para muitos, porém, lá estava exposta num programa de TV famosérrimo contando sua experiência nesse desastre que modificou não apenas sua aparência externa, modificou seu ser. Ela atualmente se vê a mesma pessoa, obviamente não no aspecto físico, ela consegue dizer a si mesma que é possível encontrar a paz de espírito, um conforto para a alma ou como queira chamar esse ato de "permitir-se ser feliz."
Na quinta-feira recebi um convite de uma pessoa muito próxima e, embora eu o tivesse recusado, diante da insistência, notei que era sim um pretexto para algo maior. Então, lá fomos para uma reflexão bíblica em grupo na casa da mãe dela. Na adolescência fui uma beata, muito aprendi com os grupos de jovens, porém, mudanças de endereço, faculdade, casamento, etc., afastaram-me, de certo modo, dessa realidade. Fiquei à distância, mais recolhida. Nada de grupos nem encontros na igreja. Vivenciei os "grupos da vida": no trabalho, na escola, na família. Dizem que o mundo nos ensina muito, mas, muito do bom e do ruim, não é? É preciso peneirar somente o que é bom, o resto é resto, se não serve para mim nem para você, então, desprezo sem titubear.
Agora diga: o que tem de ligação entre os pontos levantados até aqui? Felicidade, superação e convite? Não necessariamente nessa ordem. Sei lá, pensa um pouquinho e diga se encontra elo entre os três.
Pensou? Ainda não? Tenta, vai...faz um esforço! Isso...
Depois me conta o que foi de interessante que saiu dessa cabecinha, ok?

Bem, dessa aqui saíram conjecturas, divagações mil...rs, ao final, muito positivas. No começo o convite pareceu-me uma cilada(rs), um pequeno grupo de onze adultos e cinco crianças reunido para refletir trechos da Bíblia e absorver uma gota de conhecimento. Os que já se reúnem semanalmente foram revezando leituras e dinâmicas do encontro, passado alguns minutos de concentração no assunto em questão "justiças e injustiças", entrei na roda viva e soltei o verbo. De repente, aquele grupo que estava meio que acanhado e sem palavras tornou-se numa espécie de terapia grupal, um desabafo de suas frustrações e, claro, senti-me na obrigação de amarrar o assunto com o trecho que havia sido lido antes para não ficarmos só nesse momento "tenho pena de mim!". Veio à luz as experiências daquelas pessoas, inclusive as minhas, especialmente das perdas. É justo? Injusto? Perder mãe, marido, filhos? Qual o peso de cada perda dessas? É justo descarregarmos as nossas perdas sobre os outros em forma de ira? Resolve ou ameniza a dor?E o outro, também não tem as próprias perdas e dores? Será justo com ele?

Após o encerramento do encontro é que pude conversar mais com a pessoa responsável pelo "convite cilada"(rs) e parabenizá-la pelo motivo que a fez juntar-me àquele grupo na casa de sua mãe. Sua perda também reverteu-se em alegria! Lá estava ela e o marido: novamente grávidos! Queriam muito compartilhar a felicidade que sentiam e eu (quase) me neguei a estar presente. Logo o assunto mudou de ares e tudo soava como novidade e até redenção. Sim, se nos é "permitido" que tenhamos perdas, também nos é "permitido" que tenhamos presentes divinos e quer coisa mais divina que a vinda de um filho?
Agora, podem criticar à vontade o que vou dizer, já o disse para a nova mamãe em questão, talvez ela nem se recorde, falamos tantas coisas sobre tudo(rs), mas, vejo que Deus nos permite ter filhos para que nos sintamos um pouco como Ele, entende? Uma prova de fogo. Queremos o melhor para aquele ser, nos primeiros anos tão indefeso, de repente, ganha autonomia e o mundo, contudo, mãe e pai são para sempre, mesmo os que têm suas divergências e conflitos sabem, lá no fundo, que a figura deles permanece em nós, seja fisicamente, nos genes, seja no coração ou só na mente. Quantas pessoas relatam e atribuem dificuldades na fase adulta por conta dessa relação pais e filhos? O quanto pai e mãe são realmente "culpados" pelo sucesso ou fracasso de um filho?

E quanto à história de superação da jovem que sofreu o trágico acidente de carro? Bem, acabei por suscitar o caso somente entre o mais novo casal de "grávidos", nos referindo ao "desabafo coletivo" surgido no encontro bíblico e o quanto nos lamentamos dos infortúnios, esbravejamos até contra a Mão Divina que rege o mundo, assim mesmo, como os filhos acusam os pais quando se frustram: a culpa é sua porque estou nessa situação!
"Sou uma gota d'água
Sou um grão de areia
Você me diz que seus pais não lhe entendem
Mas você não entende seus pais
Você culpa seus pais por tudo
Isso é absurdo
São crianças como você
O que você vai ser
Quando você crescer?"
trecho da música Pais e Filhos - Legião Urbana

E a jovem acidentada disse que podia sentir-se feliz, apesar da tragédia, permitia-se ter pena de si mesma apenas cinco minutos por dia e arrancou risos da plateia dando uma "palhinha" desse momento de lamúria diária: "Por que isso foi acontecer logo comigo? Bom, acabaram-se os 5 minutos!"

Concluo que somos "convidados" a aceitar ou não certos desafios nessa vida, uma delas é nos tornarmos pais e mães. Permitirmos a "felicidade" é melhor do que lamentarmos o "leite derramado" e a "superação constante" pode ser o bálsamo necessário nessa escalada.
*PS.: apesar do atraso na postagem por conta de alguns contratempos, a reflexão aqui está e espero que todos possamos ter um ótimo fim de semana, bem como uma ótima jornada durante a vida: com convites, superação e felicidade! Aliás, aproveitarei o espaço para novamente PARABENIZAR O CASAL DE AMIGOS RECÉM-GRÁVIDOS! A JOVEM MAMÃE TAMBÉM É BLOGUEIRA E LOGO SE MANIFESTARÁ, ENTÃO, NÃO QUERO ADIANTAR MAIS!

Fonte das imagens: 1ª Google; 2ª Anne Geddes

9 comentários:

disse...

Olá Murilo! Concordo com você e embora eu tivesse participado somente das quatro últimas edições da Tertúlia, de fato, foi uma experiência muito interessante. Como xará do meu baby tenho que concordar que é alguém inteligente e comunicativo!Mãe coruja é fogo, não tem conserto...kkkk!
Certamente o novo projeto será tão bem-sucedido quanto foi o da Tertúlia, prossigamos, por que não?
Já estou no ponto aguardando o primeiro coletivo! Acho bom enviar vários porque esse vai lotar, hein!(rs)
Bjins e até lá!

Valdeir Almeida disse...

Jô,

É difícil tecer alguma opinião a respeito da garota que sofreu o acidente. Muitas pessoas dizem: "Eu imagino o que você está passando". Mas, na realidade não imagina, pois somente a pessoa que vivencia é que pode dizer.
O que surpreende é ver que há pessoas que passam por essa situação, mas se superam, não fisicamente, mas psicologica e emocionalmente. E usam aquela situação para crescer. É contraditório e difícil de entender.

Gostei também do seu diálogo com o casal que estava "grávido". Pois é, tudo na vida tem um porquê, tem uma razão de ser.

Aproveito a oportunidade para desejar-lhe feliz dia da amizade.

Abraços e boa semana.

disse...

Oi Valdeir! Também concordo que deva ser praticamente impossível equiparar sentimentos quando não somos nós mesmos a estar "no olho do furacão" e a superação é ainda mais louvável quando vem de algo assim tão doloroso, haveria motivos de sobra para se rebelar contra tudo e todos, não é? Tem pessoas que por muito menos o fazem e nem passaram perto de semalhante tragédia.
O casal de amigos a que me refiro é merecedor de muitas bênçãos, creio que em tudo haja razão de ser sim e, falando em dia da amizade, vale a pena nos dedicarmos um pouquinho regando diariamente esse jardim. Obrigada! Mesmo as amizades virtuais muito nos ensinam! Bjins e até mais!

Cristiane Marino disse...

Oi Jô!!!

A cada dia você me surpreende rs! Fico emocionada com seus textos, só você consegue falar de 3 assuntos num texto, fazer ligações entre eles e manter a qualidade, ah e ainda com toque de humor rs!

Belíssima reflexão, tudo tem seu tempo né Jô, nós seres humanos somos muito imediatistas e queremos tudo para ontem e quando acontece algo queremos entender o porque naquele momento e se não encontrarmos a resposta podemos até pensar que não precisa ser daquele jeito. Mas, não conhecemos o dia de amanhã, apenas Deus e é por isso que nos mostra os caminhos.

Adorei a parte que vc comenta do casal grávido!!!ficou fantástico.

Notei que tenho muitas leituras a fazer por aqui, e vou por em dia logo, logo.

bjokas

disse...

Oie! Cris, é redundante dizer que fico sempre muito grata com seus comentários. Sei que esse texto não foi dos meus melhores, tentei sim amarrar um assunto no outro e dar uma sequência, que ao final, não sei se cheguei ao ponto...rs. Noto pelos comentários até aqui que a história do trágico acidente impressiona muito as pessoas, no entanto, dei um enfoque sobre o título "Pais e filhos" que acabou ficando em segundo plano, tudo bem...rs, faz parte, o assunto ficou extenso em demasia. Sobre o casal grávido, fiz questão de enfatizar os meus parabéns porque sinto que eles merecem essa modesta homenagem.
No mais, te aguardo em outros posts: tantos nos novos quantos nos mais antigos! Bjins e até!

Letícia Losekann Coelho disse...

Jô,
Superação é o que me passa na cabeça! Sabe, quanto a menina queimada... Eu fico imaginando de onde ela tira tanta força para aguentar uma situação dessas... De onde tira tanta serenidade entende? Parece que ela transcendeu a questão física sabe? É bonito ver isso... Ver que se pode continuar.
Quanto a reunião que poderia ter sido encarada como cilada (kkkk) é a troca! Trocar experiências e perceber que as pessoas passam pelo mesmo que nós ou pior, mas cada um da sua maneira. Sair da "concha" poder ajudar, opinar... Isso é legal na questão da troca.
Beijos menina, ótimo post!

disse...

Oie! Tita, também fico a pensar como a garota consegue se superar dia a dia...também indaguei a questão da superação naquele "encontro cilada"(rs), talvez por isso suscitei o caso dela como a maior das superações, inclusive, da morte que encerra um fim em si e de certa maneira não nos obriga a seguir só lamentando, mas vivendo. Todos sabemos que vamos morrer, contudo, ninguém sabe como vai viver e seguir a vida,não é? Viver é muito mais imprevisível e sair da concha, como você bem diz, é bom sim, nos faz olhar ao redor, tirando os olhos de si. Valeu muito a pena! Obrigada pelo elogio, sempre é muito querida comigo e atenciosa com meus posts. Bjins e até o próximo!

Diego? Glommer? disse...

Eu não sei...

Eu fico meio confuso com essas coisas a respeito da superação individual.

Não que eu a desmereça. Mas tenho algum receio da forma que ela é explorada por gente que tem algum interesse em relação a isso. Como por exemplo nos treinamentos das empresas, que querem se eximir das suas responsabilidades e da incapacidade de prover a ascenção de seus funcionários, transferindo a culpa para eles.

Por outro lado, como a experiência citada dessa moça, não adianta termos pena de nós mesmos. Devemos lutar, fazer alguma coisa...

Mas acho que isso não pode ser alguma coisa pensada só na esfera do individual. Devemos pensar essas superações no sentido do coletivo também... De mudar a sociedade, as pessoas, de ir construindo gradualmente um mundo melhor.

Igualitário, sem preconceitos, menos "antropofágico".

Sei lá... não sei se viajei. Mas é mais ou menos isso que penso.

disse...

Oi Diego!
Realmente uma situação extremada dessas é conflitante, a perplexidade nos imobiliza, nos prende a voz e até o raciocínio, eu entendo e concordo que coisas assim não devem ser "exploradas" no sentido em que citou, a pessoa torna-se um objeto de exemplificação, podendo minimizarmos o sofrimento real pelo qual ela passou e passa ainda, o enfoque apenas na superação pode ignorar esse outro lado. Aliás, não viajou na maionese não...rs, você levantou outros pontos muito interessantes: a coletividade em detrimento da antropofagia - seríamos melhores pessoas se pensássemos menos em nós mesmos, com certeza, se olhássemos menos para nossas frustrações. Suscitei esse caso trágico porque ouço diariamente pessoas reclamando de tão pouco que não fazem ideia do outro estar com um problema muito mais grave e ainda superar-se melhor do que elas. Obrigada pela contribuição! Fazia tempinho que não aparecia, vi que estava desfalcado para blogar(sem pc!rs), eu também estou devendo uma visita, logo que der aparecerei! Bjins e até!