domingo, 26 de abril de 2009

ENCONTROS E DESENCONTROS

Amigos da blogosfera, estou em dívida com alguns, pois, nos últimos dias não tive o tempo necessário para comentá-los, aqui e ali consegui ler alguns posts, porém, acredito que todos tenham, em algum momento, essas dificuldades (nem cabe citá-las tão banais parecerão e empobrecerão deveras o blog...rs! Deixarei o mistério no ar!). De qualquer modo, agradeço sempre os que, apesar disso, continuam a ler e comentar meus posts. Fico muito feliz!
E, aproveitando o gancho desses "desencontros" que bem conhecemos pela blogosfera afora, e, principalmente, pela vida toda, venho expor o conto que escrevi com carinho especial para o blog Palavrentas e Escrevedores, proposto no evento realizado ontem, intitulado "Encontros e Desencontros", aliás, foi um exercício ótimo desenferrujar as ideias nesse sentido, pois, quem já me acompanha, sabe bem que adoro escrever, contudo, aqui no blog evito mostrar tanto o que produzo nesse sentido porque não me sinto à vontade para fazê-lo, sabe, aquele medo do ridículo que deixa a gente viver pelas metades, é por aí!(rs). Entretanto, tem vezes que nos propomos a deixar isso de lado e ver no que dá! Então, deu nisso...

Uma chance para amar

Repentinamente, corpos se esbarraram, olhos se cruzaram e pedidos de desculpas foram simultaneamente pronunciados, enquanto mãos, desajeitadas e apressadas, tocavam-se ao retirar do chão toda papelada que havia caído. Até aqui nenhum deles havia chegado tão perto um do outro, embora trabalhassem todos os dias na mesma repartição.
O dia transcorreu aparentemente igual, entretanto, pensamentos e sensações os inquietaram dali por diante. Como poderia um simples esbarrão despertar pessoas tão diferentes? Enquanto ela repetia há meses para si que jamais permitiria ser magoada novamente, ele se abria para cada chance que a vida ameaçava lhe dar.
Poucos dias foram necessários para que eles deixassem a lacuna da indiferença ser preenchida por mais olhares e alguns sorrisos entrecortados pela timidez fugaz. A curiosidade aumentava consideravelmente na proporção em que o tempo passava, a ponto de não conseguirem disfarçar o despretensioso interesse. Que sentimentos alimentavam realmente?
Ele logo decidiu dar o primeiro passo, afinal, havia algo no ar que sinalizava positivamente. Enviou um enorme arranjo de flores campestres e um bilhete que dizia: Quero encontrá-la hoje. Aguardarei ansioso pela conversa. Segue meu e-mail e telefone. Até lá!
A surpresa foi agradabilíssima, que mulher não se lisonjearia? Ela, porém, não se deixou arrebatar mesmo assim. Respondeu que tinha um compromisso importante naquele horário.
Outras tentativas e o encontro ficou adiado. Ele não compreendia o porquê de tamanho distanciamento, apesar dos constantes e, recentemente, mal-disfarçados olhares, não se conformava com as inúmeras desculpas esfarrapadas e a falta de assertividade com que ela o repelia. Ela mortificava os próprios sentimentos.
Entretanto, ao terminarem o expediente, certo dia em que uma chuva torrencial desabava dos céus, ele, desprecavido de um guarda-chuva, aproximou-se a convite dela para chegarem até o ponto onde haviam estacionado. A enorme sombrinha pouco os ajudou debaixo de tanta água, falavam efusivamente sobre aquilo, quando, no instante em que ambos chegaram até o carro dele, houve um silêncio abrupto e, sem mais nenhuma palavra, os sentimentos tornaram-se transparentes, pareciam ter sido lavados pela grossa chuva, um beijo demorado e ardente os desarmou por completo. E, naquele resto de tarde o tempo parou, só havia eles, mais ninguém.
Chamado para trabalhar fora daquele Estado, algo que há algum tempo almejava, Victor decidiu obter uma resposta concreta de Louise, afinal, já não eram apenas amigos como antes, um passo importante poderia ser dado, bastava ela consentir, porém, todo aquele medo que a paralisava fez com que ele resolvesse partir sem resposta. Passaram-se meses de tristeza, o sentimento de frustração dele não destoava muito daquele de arrependimento dela.
Certa ocasião, num desses feriados prolongados, ela o viu de relance, o coração disparou, as mãos ficaram trêmulas e, por um segundo, ousou desvencilhar-se das amarras que mantinham seus sentimentos estancados desde que fora abandonada sem nenhuma explicação à porta da igreja, apenas uma frase ecoava nas suas amargas lembranças: querida, sinto muito, não posso fazer isso! Como assim? O que aconteceu? O que fiz de errado? Pensava ela, enquanto milhares de outras perguntas eclodiam em sua cabeça, e ainda houve, por parte do noivo, um beijo de Judas na despedida daquele fatídico dia.
Agora havia uma centelha de esperança em recuperar sua autoestima, ali estava alguém que fazia enorme diferença em sua vida como nunca pudesse crer que haveria. Ainda atordoada, pôs-se atrás e, sem que pudesse dar novo passo, esteve perplexa ao notar a presença do recém-nascido que uma mulher acabara de reclinar no colo dele. Não havia nada que refutasse a prova cabal do que presenciara. Victor a esquecera e dera continuidade à vida, aliás, nova vida se fez. A culpa era dela, a felicidade era dele.
Voltou à estaca zero, fechou-se novamente e acreditou que não teria alguém com quem compartilhar a velhice, caso chegasse até lá. Seu destino estava desgraçadamente traçado, solidão seria sua companhia eterna.
Já em casa, jogou-se no sofá, acabou-se em lágrimas, sentiu-se ridícula ao imaginar que tanto tempo depois ele manteria intactos em seu coração os poucos e maravilhosos momentos. Pior sentia-se ao lembrar da alegria estampada no rosto dele segurando aquela criança.
A campainha tocou insistentemente. Como Louise não atendesse, um bilhete surgiu pela fresta da porta: Quero encontrá-la hoje. Aguardarei ansioso pela conversa. Segue meu e-mail e telefone. Até lá!
Embora muito confusa, viu reacender ao longe a chama do sentimento que acreditou nunca ter encontrado ou merecido.
Frente a frente, mal-entendidos foram desfeitos, ele pôde entender porque ela o afastava, apesar dos sentimentos à mostra, enquanto Louise soube que o bebê não passava apenas de um sobrinho querido. Puderam conversar horas a fio, sem meias palavras, sem desculpas, sem medo, sem nenhum segredo.
Dali por diante foram inúmeros telefonemas e e-mails. O que pareceu apenas um flerte no início e uma relação fadada ao fracasso por conta da distância, culminou em muitos encontros que compuseram uma história de amor.
Naquele dia, Louise esteve com os nervos à flor da pele, convidara os amigos e sua família esperava ansiosamente pela união promissora do casal. Felizmente, os sinos da igreja anunciaram a alegria de ambos, contrariando todas as expectativas mutiladas pelo passado.
Logo vieram filhos, o tempo passou... Bodas de ouro, bisnetos e uma certeza de que o amor merece uma chance toda vez que houver desencontros pelos caminhos desta vida.

Fonte da imagem: Google

4 comentários:

Elaine dos Santos disse...

Jô, matou a pau! Adorei! bjs :)

Ester disse...

Oi Jo, passando rapidinho para te pedir um favor, vote no meu blog que esta´participando de um concurso, ficarei muito feliz, o link está no meu blog na última postagem,


obrigada viu..


bjs!

disse...

Oi Elaine! "Matou a pau" foi boa!hehe! Obrigada mesmo, você sempre prestigiando meu cantinho com seu humor e inteligência, tenho sua admiração e tens a minha também, com certeza. Bjins pra ti!

disse...

Ester, valeu lembrar, infelizmente tenho lido e visitado pouco os amigos ultimamente, espero que entenda. Estou em débito com vários, mas espero logo estar em dia com todos.Bjins! Até mais!