Todos tivemos e os que ainda frequentam os bancos escolares devem ter uma lista dos seus bons e maus professores e, inevitavelmente, mesmo que não gostemos de lembrar deste ou daquele, cada um compôs o mosaico de nossa carreira estudantil. Da mesma forma, para eles sempre haverá aquele “pestinha” a infernizar suas aulas, o “matraca” a disputar as atenções, outro “desligado” que parece estar sempre longe e tantos tipos característicos que bem sabemos existir entre os alunos.
Enquanto aluna fiz o tipo “muda” durante o fundamental e só no magistério é que acabei me desinibindo, já na faculdade interferia nos bons debates e mergulhava nos estudos em grupo, sugerindo e puxando os trabalhos em muitas das vezes. Do outro lado, no pouco tempo em que lecionei, fosse estagiando ou recebendo para isso, convivi com várias faixas etárias e comunicava-me bem com todas, exceto com alguns adolescentes, pois, faltava-me a experiência e a maturidade, creio que me viam como “uma deles” e isso era péssimo! O respeito e a disciplina nem sempre aconteciam de forma satisfatória, exauriam-me as forças! De qualquer maneira, essa troca fez com que eu crescesse e apreciasse ainda mais a profissão pela qual me apaixonei um dia.
E, estereótipos à parte (ou não), lembro-me de muitos professores e professoras e , provavelmente, você tenha tido alguns semelhantes: minha primeira série foi marcada por uma “tia” bastante apática e sem graça, focada apenas no be-a-bá, ao contrário da professora subsequente que elogiava e, ao mesmo tempo, ralhava pelo excesso de páginas que eu preenchia nas redações (cinco ou seis) – ainda padeço desse mal! Entre a turma chegou a ficar afastada pelo descuido com as cordas vocais, punha emoção demais nelas! No terceiro e quarto anos do fundamental as “tias” eram, respectivamente, carinhosa e dada a ter alunos auxiliares em classe.
Da 5ª a 8ª séries alguns se destacavam por detalhes interessantes: uma professora de ciências que a todos cativava; um professor de história que nos levava a passeios para universidades e outros lugares fora da sala, uma figura com seus óculos fundo de garrafa; a professora de estudos sociais revoltada com “sistemas” fazia-nos sentar em círculo para não reproduzir a hierarquização social; um de matemática que nutria amor pela disciplina e pela educação, especial, mesmo para mim que preferia as letras aos números.
No ensino médio cursei o magistério e por lá houve vários mestres e mestras direcionando futuras(os) profissionais da educação. Uma que marcou não só a mim, mas, toda turma que se defrontasse com ela, professora de metodologia do ensino da matemática, tínhamos que ler vários livros das coleções “Vivendo a Matemática” e “A descoberta da Matemática”, resumir e propor atividades, era um suplício, entretanto, aprendíamos muito! Igualmente a professora de inglês precisava recuperar tempo perdido e guiou-nos por vários títulos da “Literature for beginners”; a de Alfabetização encantava-me assim como o de Psicologia, senti por não serem disciplinas com mais horas na grade. Na faculdade, recordo alguns: o bom e idoso professor de Latim fez-me aprender sintaxe como nunca; o mesmo professor que lecionou Teoria da Literatura no primeiro ano, também lecionou Literatura Brasileira no último ano e beirava a crueldade, às vezes, tamanhas eram as suas exigências! E a minha preferida foi a professora Lídia, de Produção de Textos, e, não fossem alguns percalços e frustrações acumuladas, eu teria feito especialização na referida disciplina, quando decidi recusar a chamada. Coisas da vida! Ela também me ensinou muito, porém, meus educadores ensinaram mais!
Impossível descrever tantos outros, porém, todos deixaram suas impressões, fossem boas, outras nem tão boas assim e, mais que impressões, deixaram conhecimento e um mundo a ser explorado a quem quisesse descobri-lo.
Hoje dedico sinceros agradecimentos aos professores que fizeram parte da minha trajetória escolar, deixando um pouco de si ou mesmo muito, cabendo completar o título do post: "...nas mãos de quem oferece flores!".
Compartilharei uma leitura que surgiu daqui e foi parar ali, resumindo quão importante, inovadora e desafiadora pode ser a arte de educar.
“A cabeça e o coração dos professores são as coisas mais importantes.” ALVES, RUBEM. Revista Ler & Cia. Ensino: Novos caminhos para a educação. ed.28, p.17, set/out. 2009.
Este texto é parte da Blogagem Coletiva “Professores do Brasil” proposta pelo Valdeir do Blog Ponderantes
Fonte da imagem: Google
9 comentários:
Oi Jô!
Que lindeza e sensibilidade no seu post, apesar de conhecer sua história não canso de ler, apesar de não exercer sempre fala dessa profissão com paixão, o que acho muito louvável! E tenho certeza que seu post servirá de incentivo a algumas pessoas.
Grande beijo
Oi Cris!
Ainda bem que você não se cansa de ler as histórias dessa sua tia! :D e é bom contar com suas apreciações sempre que escrevo. Obrigada mesmo.
Espero que o post não seja apenas "mais de minhas memórias" e sim a representação dos muitos perfis dos mestres que encontramos em várias salas de aula pelo Brasil afora. Se valer como incentivo, melhor ainda, pois, realmente, tenho imensa consideração pelo magistério. Bjins e até mais!
Olá Jô!
Gostei muito da sua história, me indentifiquei com o tipo aluna "muda", eu era muda, entrava e saía muda. Mas mudamos, isso é muito bom.
Todas as histórias, relatos são importantes para o nosso crescimento.
Trabalho muito com memorial(com meus alunos), é de lavar a alma de tanto chorar.
Posso dizer, que essa blogagem mexeu com cada um de nós, todos temos histórias diferentes, mas queremos chegar no mesmo lugar.
Parabéns Jô!
Preciso voltar e ler outra vez.
Parabéns pelo dia do professor.
Abraços,
Marise.
Olá, que lindo, adorei sua homenagem, acho que resumiu bem o que a maioria das pessoas passam né rs, me identifiquei bastante. Bjao.
Oi Marise!
Interessante notar que mesmo aqueles alunos aparentemente "tímidos" têm, lá no fundo, algo para desabrochar e isso deve contar bastante. Quanto ao trabalho que cita com seus alunos, imagino o quanto não se aprende, o quanto não emociona essa troca de experiências. Acredito que ser professor é muito mais que aplicar conteúdos previamente estabelecidos, tornando os jovens cada vez mais aptos à convivência social, ao respeito e solidariedade mútuos. Parabéns! Bjins e até!
Olá Renato!
Pois é... ao escrever imaginei um pouco disso sim, imaginei que muitos se identificariam com alguns tipos de professores, essa foi uma maneira que encontrei de homenagear as diversas personagens que compõem nosso cenário educacional e que compõem (ou compuseram) nosso cenário particular enquanto estudantes. Bjins pra ti e até mais!
Jô,
Sua história é um pouco da história de cada um.
Todos tivemos professores chatos e não sabiam prender a atenção do aluno. Professores exigentes que - justamente por isso - nos levaram a aprender muito. São professores, afinal.
Obrigado, Jô, por participar desta coletiva.
Beijos.
Oi Valdeir!
Pensei nisso lá pelas tantas, enquanto escrevia recordando os vários tipos com quem encontrei pelo caminho durante os anos da escola: "Epa! Tem muita gente que vai dizer o mesmo, afinal, há algumas referências e descrições que apontam muitos professores com os quais cada um de nós conviveu!", ao passo que, fiquei surpresa com a coletiva desde o início, pois, num primeiro momento imaginei que fosse para os que lecionavam somente, depois notei que seria aberta para quem quisesse homenagear e até conclamar a classe. Após ler alguns posts, emocionei-me com a diversidade de ideias e o quanto há de bom e digno nessa profissão. Parabéns pela sua iniciativa, foi muito bacana participar. Adorei! Bjins e até mais!
Acabei de ler o post que fala sobre gratidão e fiquei encantada. Pensei assim: "Nossa, ela escreve muito bem! Vou ler mais!!!" Então cheguei aqui, no post SEMPRE FICA UM POUCO DE PERFUME, que para mim está intimamente vinculado ao post Gratidão. É assim que me sinto: muito grata a todos os professores que me formaram. E lendo seu texto, veio-me o mar aos olhos e a lembrança de uma canção do Renato Teixeira que diz assim: "(...) Eu só tenho a certeza :: de que muito pouco eu sei:: nada sei (...)
Uma das lições que também aprendi: Somos eternos aprendizes!
Obrigada, Jô, por essa sensibilidade e por ser assim: iluminada!
Olá novamente, Menina!
Que alegria sinto quando alguém acaba lendo não apenas um e sim dois posts! E melhor, ainda aprecia a ambos? É maravilhoso mesmo! De fato, fez bem um link entre as duas leituras e elas representam esse reconhecimento que tanto devemos ter para com as pessoas que fazem (ou fizeram) parte de nossa trajetória.
Obrigada pela visita tão gentil, espero que volte em breve. Bjins e até mais!
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