sábado, 14 de agosto de 2010

Alguns têm mesmo pouco a dizer… (um desabafo)

Sou a tagarelice em pessoa, herdei isso de algumas tias “faladeiras” do lado materno, e pior, necessito gesticular mãos, braços e, por vezes, todo o corpo, gene paterno de descendência italiana. Tentei e tento sempre aperfeiçoar-me vida afora, porém, noto que muita gente se incomoda e procuro logo tomar meu “semancol” antes que fique chateada comigo mesma e com quem eu esperava trocar mais que meia dúzia de palavras pobres, monossilábicas… Penso que mais lucraria se tivesse nascido nipo-descendente, aprendido o dom do menos falar ou de falar o estritamente necessário, no melhor estilo oriental. Mas, quem escolhe esse tipo de coisa? Provavelmente, nem meus pais.

Gosto de quem tem mais a dizer, de quem recorda experiências vividas, assistidas ou lidas, de quem prefere compartilhar algo por pequenino que pareça, de quem ensina enquanto aprende, de quem aprende ensinando, de quem se mostra sem medo de parecer só mais um curioso ou ignorante. Posso estar redondamente enganada, mas, imagino que cresçamos melhor assim uns com os outros. Eu não preciso passar por determinadas situações para saber que não me farão bem, nem usar drogas para ter a certeza de que prejudicarão a minha saúde, então, eu ouço, eu leio, eu observo… Converso sobre mil coisas se o interlocutor permitir e se ele também quiser ampliar a prosa, acho ótimo! Se estivermos sintonizados o assunto pode ir longe, enfim, há que se respeitar e perceber a necessidade das pessoas ao redor, desde que haja o mínimo de palavras trocadas e uma certa intuição também para ajudar na leitura corporal. Não devo esperar que gostem dos meus trejeitos, do timbre da minha voz e tampouco dos mesmos temas que, para mim, podem ser importantíssimos.

Reconheço que pessoas têm particularidades no agir e no falar, procuro compreender, procuro manter distância quando e sempre que necessário, abrir espaços, criar alguma possibilidade de interação, afinal, somos livres até que se prove o contrário, ninguém deve obrigar ninguém a nada, ninguém é detentor único da verdade e da sabedoria, pelo menos neste mundo.

O que me espanta, o que me intriga profundamente é que alguém com quem você cresceu e apesar de não ser nada afinado com teu mundo, contudo, tendo passado por várias e fortes experiências em família hoje tenha muito menos a dizer do que quando éramos apenas crianças ou jovens cheias de ilusão.

Sei, sei… Pessoas mudam, pessoas se mudam, se isolam e essas coisas aconteceram quase simultaneamente entre mim e minha irmã. Lamento que não consigamos mais quebrar a dura casca que se formou ao longo dos anos, por mais que eu tente puxar assunto como se diz, por mais que eu crie motivos para que as palavras proliferem e tomem forma de diálogo, mesmo que sejam via e-mail devido à distância, enfim, resolvi que o desgaste não vale mais o esforço, que é muito triste a gente falar com o próprio eco porque um certo coração retirou toda mobília, toda lembrança, toda consanguinidade que podia fazer alguma diferença nesse espaço.

Quem sabe amanhã eu tenha alguma surpresa? Quem sabe eu receba de volta algum e-mail com respostas às diversas e inúmeras perguntas que fiz? Quem sabe eu receba algum comentário, por mais curto que seja daquela recordação de família que gravei em DVD, com tantas fotos da infância, dos encontros, da nossa falecida mãe? E nem espero que leia algo do blog, seria pedir demais depois das tentativas frustradas nos aniversários de nascimento e falecimento da nossa mãe. Que seja lá mesmo pelo tal do Orkut, com frases mais que sucintas e impessoais… Quem sabe dessa maneira eu entenda por que somos e fomos sempre muito diferentes e mesmo assim tentei que fôssemos normais?

Que bom meu irmão representar o oposto desse desencontro para não me sentir o elo frágil da corrente,  apenas a irmã mais velha e cheia de manias, a “mandona”, a “chata”, a “sabichona”, a “certinha”, enfim, já estou desencanando e aprendendo, realmente, algumas pessoas têm mesmo muito pouco a dizer ou nem isso umas as outras.

"O oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença." (Érico Veríssimo) Fonte da Imagem: Google

4 comentários:

Menina das Estrelas disse...

Jô, minha linda Vira-Letras, algumas observações sobre seu post...
Também falo pelos cotovelos; gesticulo com todo o corpo; também tenho heranças italianas e também tenho irmãos com quem não rola afinidades. Coincidência, né?
Tenho amigos que me são mais irmãos que os meus próprios...
Sobre o que escreveu, o que importa é ter a consciência tranquila de que tentou. Qualquer relação depende dessa palavra mágica: AFINIDADE. Talvez o elo tenha se rompido sem que vocês tenham se dado conta. Espero que suas palavras possam tocá-la de alguma forma. Enquanto isso, aguarde com a mente tranquila de quem tentou não romper os laços.
Namastê!

disse...

Oi,querida Menina!
Boas coincidências. Adorei saber que compartilha várias delas que citei neste post.
Tenho sim a consciência e o coração tranquilos das tentativas frustradas, por isso mesmo acho que resolvi escrever algo tão delicado e pessoal como a gota d'água, não gostaria de tê-lo escrito, tudo saiu rapidamente, sentimentos transbordam em palavras muitas vezes, talvez eu nem devesse escrever coisas do gênero no blog, porém, não consigo deixar totalmente às escuras aquilo que penso, vivo e sinto (coisa que minha referida irmã consegue fazer com maestria). Talvez aqui nossas dificuldades estejam se confrontando, ou nem isso, já que somente eu parecia estar incomodada com o monólogo da relação, entende? Claro que entende...rs.
Agradeço imensamente o carinho em todas as visitas que me faz, todo respeito e consideração são imensuráveis. Bjins pra você e tenha um bom domingo, ótima semana!

Cristiane Marino disse...

Oi minha amiga comadre!

Enfim consegui um tempinho precioso para blogar, ai que delícia! meu anjinho anda dormindo,1 a 2 horas a tarde, espero que isso dureeee.
Eu também falo demais, e isso nem é novidade né, acho bacana usar o blog para desabafo pq sempre a sua história pode ajudar alguém passando pelo mesmo, nem sempre as pessoas comentam, mas leem.
Acho que vcs duas foram se afastando sem mesmo perceber e qdo enfim se deram conta já era tarde. E isso acontece com a maioria de nós, mas tbém acredito que ainda possa ter um final feliz a história de vcs duas.
Bjokas

disse...

Cris, que bom a "nossa neném"(rs) tirar essas sonecas (você e ela merecem e precisam muito!). Fico feliz que possa e ainda queira continuar escrevendo. Eu também quero manter o blog e os assuntos vão permeando nossa rotina, vão se fazendo presentes e importantes, daí que acho impossível total sigilo (se bem que quando quero sou boa nisso)e acabei, de fato, desabafando neste post. Espero que ele possa contribuir com os leitores, caso contrário, foi válido pra mim e quem sabe um dia eu possa contar algo bem diferente nesse sentido, nunca se sabe, né? Bjokas e fique na paz.Bjins doces na Gabi (linda da dinda!).