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segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Que tal teu Natal?

Estou em dívida com o Viraletras e com os que fazem parte dele, espero que seja perdoada porque já justifiquei a ausência há algum tempo. (Vou dizer: ela está linda e como boa criança que aprendeu a andar com as próprias pernas não para quieta… Haja fôlego!rs – Verdadeira bênção!)

Falando em perdão, esta é uma excelente época para praticá-lo, pois quem não sabe dar nem receber ainda está longe de se tornar  mais humilde e Natal é isso: tempo de humildade - "e Maria deu à luz o seu filho primogênito. Ela o enfaixou, e o colocou na manjedoura, pois não havia lugar para eles dentro da casa". (Lc 2,7)

Rei que se submeteu a nascer nestas condições para assemelhar-se aos mais simples (de coração), para estar junto dos que precisam e querem tomar parte do seu reino. Não havia lugar para eles naquela estalagem, mas havia em lugar mais humilde, lá também houve quem o visitasse, quem o presenteasse e bendissesse seu nascimento. Tenhamos um coração acolhedor, um lugar que mesmo sendo humilde saiba bem receber um verdadeiro Rei. Ele não exige pompa, somente o que podemos ofertar de mãos e coração abertos.

Bem disse o Padre na homilia de ontem: "Jesus dividiu a história humana – a.C e d.C - não por acaso nem por mera invenção religiosa, mas porque em cada pessoa que o permite nascer em seu coração também existirá uma vida nova, existirá, com certeza, essa divisão em nossa própria história e seremos testemunhas de que o a.C e o d.C realmente muda o curso de tudo e todos que Nele esperam e confiam".

Possamos encontrar um momento de silêncio em meio a tanta tagarelice que acontece nestas festas e confraternizações de final de ano e neste momento refletir com sinceridade "Que tal meu Natal?" - Como venho comemorando esta data ao longo dos anos? Que tipo de ideias e ideais tenho incutido em mim e na minha família sobre esta época tão bonita e ao mesmo tempo tão cheia de luxos vazios, encontros repetitivos, compras desmedidas que o mundo sabe bem nos oferecer? Que importância dou ao verdadeiro motivo deste feriado?

Desejo um santo e abençoado (e verdadeiro!) Natal para você e os que o(a) cercam. Um novo ano igualmente santo e abençoado! Até o próximo post – estarei ansiosa para dividi-lo contigo, amigo leitor! (Deus sabe quando!).

natalFonte das imagens (Fico devendo – as recebi num PowerPoint (lindinhas, não?), se souber, avise-me!) 

 

quinta-feira, 1 de março de 2012

Aniversário do Blog e coisas afins!

Resolvi iniciar escrevendo o que vier à mente, tenho tantas palavras borbulhando nela e o tempo tem sido mais precioso que nunca nos últimos meses. O que a maternidade faz! Coisas incríveis como esta que para mim seria "o fim da picada". Imagine, escrever de repente, sem muito pensar, sem muita revisão, sem ruminar as palavras? Sei que não se deve estender o texto no blog, também sei que não sei quando voltarei para o próximo post…rs

Está com tempo e ânimo agora? Vambora!

O aniversário do blog é algo especial porque esta ferramenta da internet se tornou parte de mim, embora eu consiga conviver afastada dela, inclusive, por priorizar a família, meu bem maior neste mundo! Diversas ocasiões suscitam ideias e eu gostaria de trazer à blogosfera um novo texto (mais um dentre os milhões pelo mundo!), no entanto, seria o meu texto, com pequenas e grandes lições que a minha experiência pessoal poderia compartilhar, assim como os bons textos de tantos blogueiros; entretanto, há uma baixinha exigindo cuidados constantes e ela não abre mão disso, de jeito nenhum!(rs)

Falando em prioridades, meu coração tornou-se devoto do Sagrado Coração de Jesus em meados de 2010, e, caro leitor, não estou dizendo tal coisa para discutir religião, isso cabe à consciência e a vivência individual das pessoas, só referi na intenção de explicar as transformações que este blog (obviamente esta blogueira!) sofreu de lá pra cá. Sofrer é palavra que veio a calhar exatamente aqui, talvez não por acaso, dado que estamos em plena quaresma: é pelo sofrimento que nos voltamos mais a Deus, não tem como discordar, é preciso muitas vezes um solavanco da vida para despertarmos outros sentidos adormecidos e mesmo quando estamos atentos, aquele tipo perigoso de atenção descuidada caminhando para a tibiez. Quantas vezes deixamos de agradecer ou rogar a Misericórdia Divina (por conseguinte, eis outra devoção que tenho atrelado àquela) quando tudo vai bem? Ainda que dispersos na imensidão do mundo e diante das exigências cada vez maiores dele, nos damos conta de que é preciso fazer algo para inovar de dentro pra fora. Observe ao redor: Há pessoas tristes, deprimidas, doentes, desorientadas, inconformadas, revoltadas ou perdidas no sentido da própria existência perto de você? Quantas dores e lamentações diariamente são lançadas ao vento, ou pior, sobre o próximo?

Doses homeopáticas venho ministrando desde então, de fé, de aperfeiçoamento espiritual. Isso não se deu do dia para a noite; na adolescência estive imersa na igreja em grupos de jovens, porém, com o passar dos anos, com outras coisas acontecendo, distanciei-me desse lado cristão. Não dá pra deixar o que era e se tornar o que pode ser sem haver uma boa transição de um para outro, mas, o fundamento estava lá, perdido, em algum lugar, compreende? Desde o momento em que descobri um mioma subseroso de 4cm no útero (aconselhada por minha obstetra à intervenção cirúrgica) e da decisão de ter outra criança, arcando com as consequências de uma gravidez de risco, pois, além disso, conto com mais de 35 anos, decidi que "era pegar ou largar". A tristeza não conseguiu me abater, pelo contrário, empurrou-me para o Sagrado Coração cheio da misericórdia de Jesus. Na gravidez o mioma ficou do tamanho de uma laranja de quase 10cm, mas, correu tudo bem, graças a Deus, ainda que um susto aqui ou outro ali tenha posto à prova minha fidelidade cristã. Recuperei a memória espiritual, das coisas que ficaram empoeirando desde a juventude, abri a velha caixa, comecei a reorganizá-la e notei muita coisa boa que guiou-me vida afora, mesmo esquecida ali, esteve a esperar por este momento oportuno e mostrar-me quanta riqueza estava abandonada.

O que isso tem a ver com o 3º aniversário do Viraletras, afinal? Bom, se aniversariar é celebrar alegrias, eis que esta blogueira precisava contar as que vem colecionando enquanto não pode escrever com tanta frequência. Por falar em alegrias, havia me esquecido também como é lindo, maravilhoso e divertido ter e acompanhar o crescimento de um bebezinho. Cada fase uma descoberta que só pai ou mãe pode mensurar!

Ah, a vida, cheia dos seus mistérios! Não para nos surpreendendo sempre, dando um limão azedo aqui e acolá, deste meu resolvi fazer uma limonada e digo que ficou das boas: tirou aquele enjoo do estômago, o amargo da boca e refrescou a alma! O ser humano tem essa capacidade de transformação, graças a Deus, caso contrário, estagnados e medíocres morreríamos. Mais uma vez o tempo da quaresma e a páscoa que virá em seguida abre-me os olhos para este tema: a morte. Estou lendo um livro (A última grande lição: o sentido da vida, de Mitch Albom) enquanto amamento, precisa ver como rende leitura assim, nem eu mesma acredito! E olha que antes dele já estudei uma pancada de leis (coisa que nunca tinha visto antes… Aff!) de direito administrativo, de licitação, de noções de orçamento público, de PCCS da prefeitura para a qual trabalho a fim participar do processo de promoção por competências e habilidades, tudo isso somado às provas de títulos que poderão render uma melhora no salário, coisa que só acredito vendo, pois, cansei das promessas políticas. Depois dessa pressão toda, voltei-me para outro livro estacionado há tempos na prateleira: As crianças aprendem o que vivenciam – O poder do exemplo dos pais na educação dos filhos, de Dorothy Law Nolte e Rachel Harris. De toda essa leitura, nenhuma obra prima nem clássica, tenho tirado bastante proveito. Voltemos ao que estou lendo, ainda nas primeiras páginas: o velho professor morrendo lentamente de uma doença neurodegenerativa reencontra um ex-aluno e dão-se em lição através da mesma. A morte é o que delineia a trama, paradoxalmente, dela nascem as melhores histórias, isto é, quando se pensa no fim é dele próprio que se tem o começo ou um recomeço, assim como a Páscoa propõe aos cristãos. Veja, este blog mesmo, é fruto de refúgio dos sentimentos de perda que vivi com a morte de minha mãe em 2008, através dele pude me olhar de fora para dentro, avaliar, ponderar, extravasar!

Obrigada amigo leitor por chegar ao final do post, sei que a correria do mundo exige muito de nós todos, porém, há coisas que nos impelem a continuar, não é? Eu mesma desejo que o Viraletras complete outros aniversários e que ele frutifique tanto quanto as bênçãos de Deus permitirem.

Sejamos como as grandes árvores: lançam fortes raízes na terra, porém, crescem sempre em direção ao céu, aproveitando-se das chuvas, do calor e da luz do sol que as fazem subir mais e mais! Deixam seus galhos ao redor como "quem" deixa seus braços abertos estendidos aos que precisam de ajuda para também chegarem lá…

Fonte da imagem: Google

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Família é Tudo (de bom!)

Queridos blogueiros, amigos e amigas!

Eis-me aqui para dar a boa notícia que anteriormente havia prenunciado: minha filha nasceu no feriadão de 07 de setembro!

A data prevista era final de agosto, mas, assim como meu filho, ela não queria sair da barriga apressadamente, ambos vieram nas suas 40 semanas e 5 dias de gestação, e mesmo que a mamãe quisesse um parto normal como desejara o primogênito, novamente necessitei uma cesariana. Dele porque tive diabetes gestacional vindo um bebezão pesando 4400kg com 53cm (realmente, a natureza não ajudou nesse caso mesmo com boas contrações naquele dia!) e, desta vez, minha pequena (nem tanto assim, pois, chegou pesando 3530kg com 51cm), levou-me a um parto de urgência por conta de um sangramento proveniente de um descolamento prematuro da placenta que mais tarde me causou maior preocupação por saber da gravidade do assunto, no meu caso não houve trauma nem outra explicação plausível que se encaixasse, exceto pelos meus 36 anos (idade materna avançada?) no entanto, tudo transcorreu bem, graças ao meu bom Deus, pois, Ele não nos dá bênçãos pela metade, nos dá por inteiro e não deixou que meu parto se tornasse triste estatística médica. Orei muito pra que esta gestação ocorresse e, mesmo diante de algumas intercorrências lembrando quão frágeis somos, tive certeza de que a misericórdia divina não é falha como é a nossa fé muitas vezes diante dela.

Por essas e outras é bom pensar o quanto estamos entregues nas mãos Dele e que as mãos dos médicos e de toda equipe de enfermagem são manipuladas pela Mão Onipotente e Onipresente.

A vida nos surpreende em segundos e pode mudar drasticamente, no meu caso mudou para melhor, só fez aumentar a família e todo amor que construímos juntos dia após dia, mudou exatamente no minuto em que ouvi aquele chorinho! Junto dela chorei também como chorei com meu filho e agradeci mais uma vez o dom de ser mãe. É uma emoção indescritível, transpõe toda dor e todo sacrifício!

Só mesmo a natureza divina é capaz de se explicar através da geração da vida!

Florzinha do meu jardim, rego-te com amor!Fonte da imagem: Google (by Anne Geddes)

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Por que dei uma sumidinha?

Queridos amigos e visitantes da blogosfera,

Esperei bastante para contar a novidade devido aos inúmeros compromissos que dela decorrem naturalmente, além disso, pensei muito sobre dizer ou não o motivo porque para algumas (ou várias) pessoas isso não há de ter interesse no final das contas. Enfim, em consideração aos que mantêm uma amizade sincera pela Jô e/ou pelo Viraletras, venho explicar o sumiço e a falta de posts mais frequentes nesse blog: Engravidei! É isso. Realizei novamente meu sonho de ser mamãe após 7 anos e meu filho torcia por isso desde seus 3 ou 4 aninhos, ele também esperou bastante e agora teremos uma menininha, o parto está previsto para o final do próximo mês. A família aqui está se cercando de todos os preparativos para acolher mais esse anjo que Deus nos enviou, aliás, eu pedi muito por isso e Ele me concedeu mais essa graça, então, só posso AGRADECÊ-LO INFINITAMENTE, pois, o que parece algo muito simples  para uns, nem sempre se faz desta maneira para outros, não é?

Sabemos como muitos casais lutam para ter filhos, como muitas mulheres se desgastam procurando soluções para engravidar e como tantos (infelizmente!) não dão o devido valor nesse ato de gerar um ser humano. Por isso é tão importante que priorizemos tal momento em busca de organizar e reorganizar a vida em família e foi o que fizemos nesse meio tempo. Ao Sagrado Coração de Jesus e a Nossa Senhora devotei minhas orações quando obstáculos tentaram minar esse desejo e eis-me louvando cada pequeno e grande milagre da vida. Só quem espera em Deus pode contemplar suas maravilhas!

Portanto, não estou me despedindo da blogosfera não, só estou a compartilhar toda minha alegria e felicidade, aproveitando para dar uma satisfação a quem possa já ter questionado essa “sumidinha básica”. Continuarei postando e também visitando os amigos sempre que o tempo me permitir, mas, sei que por um bom período estarei entre fraldas, amamentação, atenção, carinho e cuidados   constantes que devo dar a minha neném e, claro, aos meus dois amados (esposo e filho), além disso, terei que me encontrar novamente como mulher, mãe e esposa, pois, mudanças grandes me aguardam daqui por diante.

Agradeço por todo companheirismo nessa caminhada do Viraletras e que possamos continuar trazendo vida nova aos nossos blogues!

Deus abençoe a cada um!

"Esperamos por você, dádiva do céu!" Fonte da imagem: Adriano Matos Fotografias

(arquivo pessoal – não autorizada a sua reprodução)

sábado, 7 de maio de 2011

“Quero que herdem meu coração (de mãe)”

Não é tão fácil ser mãe, também não é difícil. Parece contraditório, concorda? E muitas vezes é, de fato.

Enquanto filha não me recordo de pensar na maternidade como penso hoje, lógico que sempre admirei e respeitei minha mãe, discordei dela quando foi necessário, guardei as boas lembranças da infância e recordo com carinho, especialmente depois que ela se foi. Outro dia mesmo fiz um macarrão caseiro só porque fiquei com vontade de saborear o gosto daqueles pequenos e inesquecíveis momentos!

Acredito que isso aconteça com muitas mulheres antes de se verem grávidas, diante da real possibilidade de ocuparem um lugar que antes era só de suas próprias mães; e nessas horas é que nos vem à mente, com mais clareza, a importância dessa mulher que nos cativou desde o ventre, que nos ajudou em cada fase e esteve conosco nos momentos alegres e nos complicados por diversas vezes.

Amadurecemos através delas, até quando estão ausentes por qualquer motivo. Não podemos dizer: “Sou mãe por mim mesma, não precisei aprender nada com ninguém!”, pois, ao virarmos as páginas do passado descobriremos que uma imagem de mulher, de esposa e de mãe esteve presente, ainda que não tenhamos concordado com ela muitas vezes, que tenhamos desafiado o jeito de se comportar e de se impor diante da vida, afinal, nem todas tiveram as chances e facilidades que hoje temos e que nossas próprias filhas terão futuramente, tão diferentes das nossas. O mundo muda rapidamente em cada geração, temos de compreender que para cada tempo há direitos e deveres que se alteram, as mulheres do passado não são nada parecidas com as mulheres do presente e as de hoje serão menos com as do futuro, exceto por um motivo (e espero que isso não mude nunca com o passar dos anos): o desejo de ser mãe, protegendo, cuidando e amando uma criança que, num belo dia, como bem representa a figura de um pássaro, sairá do ninho e voará alto no seu próprio espaço.

O que deverá sobrar não é um ninho vazio como muitas de nós poderemos nos ressentir saudosamente, mas, lembranças e certezas de que conseguimos dar-lhes “asas fortes e confiantes” para que voem sim e possam voltar vez em quando, não se esquecendo de quem lhes ofereceu o máximo de si e isto não é cobrar amor não, é querer apenas estar perto de quem tanto amamos e amaremos a vida toda! Coração de mãe é assim mesmo e mostrarei, especialmente, para você amigo leitor que chegou até aqui, uma recordação importantíssima para mim que deixei guardada como real significado do “ser mãe” e hoje veio-me como inspiração para o título do post e todo o resto:

Singelo bilhete aos filhos, só encontrado após seu falecimento. Fonte da imagem: arquivo pessoal

Como minha mãe mal cursou o primário, aprendeu a ler e a escrever com sua irmã mais nova, vou transcrever legivelmente suas poucas e profundas palavras para quem, talvez, não tenha compreendido uma ou outra:

Estou escrevendo para agradecer a Deus porque meus filhos não herdarão nada dos meus defeitos. A única coisa que eu quero é que vocês herdem é o meu coração.” (Nair C. de Souza, 1949-2008) 

Lindo, não? Pensar que praticamente três anos antes de seu falecimento ela havia escrito e guardado esse bilhete sem se dar conta de que causaria tanta emoção e, inclusive, suscitaria um texto. Suponho que o tenha feito num de seus momentos de crise depressiva, na solidão do “ninho vazio” e, mesmo assim, tenha apontado sua fé como alicerce de vida, tenha desejado o melhor para seus filhos. Isso é amostra de um coração de mãe e, certamente, você do outro lado da telinha tenha também mais provas de que o verdadeiro coração de mãe comporta sempre os melhores sentimentos.

UM FELIZ DIA DAS MÃES, CHEIO DE MUITOS BEIJOS E ABRAÇOS CARINHOSOS!

sábado, 20 de novembro de 2010

SAP – Síndrome da Alienação Parental: Não deixe que sua criança conviva com ela!

"Quem perde? Quem ganha? Isso é mesmo um jogo?"

Sempre quis estar perto de crianças, elas são fascinantes, cativantes e muito aprendem com aqueles que estão à sua volta. São ingênuas na essência, mas, o convívio com pessoas desequilibradas pode deturpá-las, jogando na sarjeta toda pureza da infância.

Recentemente vi em programas de TV e li pela Internet sobre a nova Lei que trata melhor de assuntos relacionados com filhos de pais separados. Sinceramente, na prática ainda acho muito cedo para dizer até que ponto a SAP será eficiente, até que ponto as crianças que sofrem desse mal conseguirão ter uma vida pacífica com suas famílias, digo “suas”, pois, desde que os pais se separam, os filhos passam a notar que existe uma e outra família, a do pai, a da mãe e, nesse momento, a unidade deixa de ser parte de suas relações familiares. É muitíssimo triste ver nos olhinhos que seu pequeno mundo está em ruínas (digo por experiência própria – vi meus pais e uma irmã se separando), obviamente, não são todos os casais que fazem da separação um momento de ruptura atroz, há alguns que têm a consideração, o respeito e, sobretudo, grande e verdadeiro amor por seus filhos, deixando de lado todas as diferenças conjugais e priorizam, desta forma, a transição para um novo modelo de família. Crianças de pais separados nem sempre precisam sofrer com todo o processo, aliás, não deveriam sofrer nunca com as perturbações próprias de um pai ou de uma mãe em desequilíbrio, poderiam ser poupadas de cenas e palavras rudes, muitas vezes até catastróficas que as marcarão profundamente para a vida toda.

Pessoas feridas tendem a se fechar para o mundo, contudo, muitas delas tendem a ferir para se sentirem bem consigo mesmas, inclusive, ferem com frequência quem mais diziam amar na vida, ferem o cônjuge, ferem suas crianças… E pergunto: a dor diminui ou evapora com essa atitude? Não! Ela só aumenta e feito vírus se espalha no outro, quem está perto se contamina com a tristeza, com o ódio, com a angústia de viver num lar marcado por discussões, gritos e até violência física. É claro que ninguém se casa imaginando que um dia a vida chegaria ao caos da separação, mas, é bom que pensem bem como reagiriam diante dos conflitos matrimoniais e, principalmente, diante dos filhos!

Sou descrente na Legislação Brasileira, ouço tantas coisas ruins, já passei por algumas também e a nova lei não me parece que sanará o problema pela raiz, mas, certamente, servirá de alerta e alento para muitas pessoas que enfrentam essa complicada situação. É um apoio aos que já não sabiam mais onde ou a quem recorrer. De fato, é preciso ser confiante, mas, não só nas letras que preenchem páginas, não só nas autoridades que legislam de acordo com essas mesmas leis, é preciso confiar que um homem e uma mulher, pai e mãe, hoje separados por motivos mil, não deixem de ver nos filhos a imagem e semelhança deles mesmos, não deixem de notar que um e outro foram e serão sempre pessoas essenciais na vida de uma criança.

O tempo pode passar, a memória pode reescrever a história e criar mecanismos de defesa dentro desses filhos, mas, nunca deixarão de perceber que falta ou que algo está em excesso em suas vidas, pode faltar amor ou pode sobrar rancor e nenhuma das duas coisas é boa para educar alguém.

Seja despojado das misérias humanas se, porventura, seu relacionamento ruir, se o “mar de rosas” se transformar num “mar de espinhos” somente. Aprenderemos com nossos erros apenas e se estivermos dispostos a isso, caso contrário, só ensinaremos aos pequenos exemplos deprimentes da falta de fé e da maneira totalmente equivocada com que “amamos” outras pessoas.

Refletindo sobre o amor ou mais propriamente sobre a deturpação dele atrás da Alienação Parental, veio-me à mente duas lembranças, uma Bíblica (linda, verdadeira e profunda!) e outra clássica da literatura que seguirão abaixo fechando este post de hoje:

O amor é paciente, é benfazejo; não é invejoso, não é presunçoso nem se incha de orgulho; não faz nada de vergonhoso, não é interesseiro, não se encoleriza, não leva em conta o mal sofrido; não se alegra com a injustiça, mas fica alegre com a verdade. Ele desculpa tudo, crê tudo, espera tudo, suporta tudo. O amor jamais acabará. As profecias desaparecerão, as línguas cessarão, a ciência desaparecerá. Com efeito, o nosso conhecimento é limitado, como também é limitado nosso profetizar. Mas, quando vier o que é perfeito, desaparecerá o que é imperfeito. Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Quando me tornei adulto, rejeitei o que era próprio de criança. (I Coríntios 13, 4-11)

"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas." (Antoine de Saint-Exupéry, O Pequeno Príncipe)Aqueles que passam por nós não vão sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós. (Antoine de Saint-Exupéry, O Pequeno Príncipe)Fonte da Imagem: Google

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

30 de setembro – Dia da Bíblia: “Uma gota do saber a cada dia!”

"A Bíblia é a Palavra de Deus semeada no meio do povo!"Fonte da Imagem: Dreamstime.com

Livro de cabeceira para ser lido antes de adormecermos, todavia, em qualquer momento, para ser meditado, pesquisado com curiosidade e vontade de aprender, livro para muito ser folheado, em horas felizes, em horas sombrias…

Lá podemos “conversar com Deus”, encontramos textos dos mais variados, com exortações para o bem viver, com puxões de orelhas dos mais severos, com motivos de alegria e gratidão, com parábolas repletas de milagres e muita esperança. A Bíblia é uma verdadeira biblioteca em mãos, a palavra vem do grego biblos e significa livros.

A história humana, desde sua gênese até o seu findar, nela consta. Crianças podem se interessar e se encantar com a enorme Arca de Noé e seus animaizinhos aos pares; pela façanha de Moisés atravessando o mar com o povo hebreu; pelo profeta Jonas que foi engolido por uma baleia e devolvido são e salvo; podem gostar muito de ouvir que Jesus as considerou imensamente importantes e lhes teve gesto de carinho: “Deixai vir a mim as criancinhas, não as impeçais…”(Lc 18,16);enfim, podem aprender a amar e respeitar o próximo. Entretanto, nós, quando deixamos de ser pequeninos, crescemos não só fisicamente, mas sobretudo, na descrença, na dúvida, na comparação, na soberba, na falta de amor e fé, nos deixamos iludir porque supomos explicar e provar tudo cientificamente, que para tudo existe lógica e racionalismo, que é dificílimo, quiçá inexplicável, seguir os exemplos de um homem que se deixou crucificar para expiar os pecados de toda humanidade corrompida.

Muitas palavras para serem absorvidas, abstraídas, termos difíceis, outros tão simples e fáceis de interpretar, porém, não basta apenas sua leitura, é imperativo sentir e interagir com a Força Divina. Quão pueris, feito filhos mesmo que somos, nos colocamos diante da Sagrada Escritura e ficamos como quem muito precisa aprender desse mundo imenso. Recordo alguém dizendo: “Devemos absorver a Bíblia uma gota a cada dia…” e concordo porque sei que o oceano que nela existe poderia nos afogar subitamente, entretanto, em doses homeopáticas pode curar dores que nem mesmo os médicos mais capacitados conseguem.

"Devemos orar, não até Deus nos ouvir, mas até que possamos ouvi-lo." (desconheço a autoria)

Ah! Você busca algo além do óbvio? Além do que a rotina é capaz de oferecer, mesmo com toda tecnologia? Então, juntemo-nos nessa corrente em busca da verdadeira sabedoria, não a que pode nos fazer melhores e maiores na ferrenha competição humana, mas, a que pode nos trazer a serenidade.

Fonte da Imagem: Dreamstime.com

Quantos tentam decifrá-la feito enigma do universo, quantos a usam como pretexto dentro de determinados (e convenientes) contextos? Quantos a ignoram totalmente e ainda assim milhares são vendidas?

Mesmo praticando doutrinas diferentes, professando a fé de modos peculiares na busca pela verdade e pela paz, sem o mínimo de amor ao próximo tentaremos preencher espaços em vão ou para ser mais exata em minha paráfrase, devo citar:

 Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada.”

(I Coríntios 13,2)

sábado, 14 de agosto de 2010

Alguns têm mesmo pouco a dizer… (um desabafo)

Sou a tagarelice em pessoa, herdei isso de algumas tias “faladeiras” do lado materno, e pior, necessito gesticular mãos, braços e, por vezes, todo o corpo, gene paterno de descendência italiana. Tentei e tento sempre aperfeiçoar-me vida afora, porém, noto que muita gente se incomoda e procuro logo tomar meu “semancol” antes que fique chateada comigo mesma e com quem eu esperava trocar mais que meia dúzia de palavras pobres, monossilábicas… Penso que mais lucraria se tivesse nascido nipo-descendente, aprendido o dom do menos falar ou de falar o estritamente necessário, no melhor estilo oriental. Mas, quem escolhe esse tipo de coisa? Provavelmente, nem meus pais.

Gosto de quem tem mais a dizer, de quem recorda experiências vividas, assistidas ou lidas, de quem prefere compartilhar algo por pequenino que pareça, de quem ensina enquanto aprende, de quem aprende ensinando, de quem se mostra sem medo de parecer só mais um curioso ou ignorante. Posso estar redondamente enganada, mas, imagino que cresçamos melhor assim uns com os outros. Eu não preciso passar por determinadas situações para saber que não me farão bem, nem usar drogas para ter a certeza de que prejudicarão a minha saúde, então, eu ouço, eu leio, eu observo… Converso sobre mil coisas se o interlocutor permitir e se ele também quiser ampliar a prosa, acho ótimo! Se estivermos sintonizados o assunto pode ir longe, enfim, há que se respeitar e perceber a necessidade das pessoas ao redor, desde que haja o mínimo de palavras trocadas e uma certa intuição também para ajudar na leitura corporal. Não devo esperar que gostem dos meus trejeitos, do timbre da minha voz e tampouco dos mesmos temas que, para mim, podem ser importantíssimos.

Reconheço que pessoas têm particularidades no agir e no falar, procuro compreender, procuro manter distância quando e sempre que necessário, abrir espaços, criar alguma possibilidade de interação, afinal, somos livres até que se prove o contrário, ninguém deve obrigar ninguém a nada, ninguém é detentor único da verdade e da sabedoria, pelo menos neste mundo.

O que me espanta, o que me intriga profundamente é que alguém com quem você cresceu e apesar de não ser nada afinado com teu mundo, contudo, tendo passado por várias e fortes experiências em família hoje tenha muito menos a dizer do que quando éramos apenas crianças ou jovens cheias de ilusão.

Sei, sei… Pessoas mudam, pessoas se mudam, se isolam e essas coisas aconteceram quase simultaneamente entre mim e minha irmã. Lamento que não consigamos mais quebrar a dura casca que se formou ao longo dos anos, por mais que eu tente puxar assunto como se diz, por mais que eu crie motivos para que as palavras proliferem e tomem forma de diálogo, mesmo que sejam via e-mail devido à distância, enfim, resolvi que o desgaste não vale mais o esforço, que é muito triste a gente falar com o próprio eco porque um certo coração retirou toda mobília, toda lembrança, toda consanguinidade que podia fazer alguma diferença nesse espaço.

Quem sabe amanhã eu tenha alguma surpresa? Quem sabe eu receba de volta algum e-mail com respostas às diversas e inúmeras perguntas que fiz? Quem sabe eu receba algum comentário, por mais curto que seja daquela recordação de família que gravei em DVD, com tantas fotos da infância, dos encontros, da nossa falecida mãe? E nem espero que leia algo do blog, seria pedir demais depois das tentativas frustradas nos aniversários de nascimento e falecimento da nossa mãe. Que seja lá mesmo pelo tal do Orkut, com frases mais que sucintas e impessoais… Quem sabe dessa maneira eu entenda por que somos e fomos sempre muito diferentes e mesmo assim tentei que fôssemos normais?

Que bom meu irmão representar o oposto desse desencontro para não me sentir o elo frágil da corrente,  apenas a irmã mais velha e cheia de manias, a “mandona”, a “chata”, a “sabichona”, a “certinha”, enfim, já estou desencanando e aprendendo, realmente, algumas pessoas têm mesmo muito pouco a dizer ou nem isso umas as outras.

"O oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença." (Érico Veríssimo) Fonte da Imagem: Google

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

“Quem é vivo…”

É isso que pensou: “…sempre aparece!” e continua blogando, apesar de ter tomado um belo chá de sumiço por uns três meses como fiz.

Peço sinceras desculpas aos meus visitantes e aos queridos amigos da blogosfera e, mesmo tardiamente, justifico a inédita e longa ausência desta vez. Não, não fiquei doente e nenhuma tragédia se passou, graças a Deus! Somente o corriqueiro (e outros imprevistos) acabaram sugando minhas energias e meu tempo precioso de tal forma que perdi a inspiração para escrever. Muitas vezes pensava, tinha ideias para posts, mentalmente criava temas, porém, o cansaço vencia e, em frações de segundos, tudo se perdia porque não conseguia nem parar e anotar… Em momentos assim, punha-me no lugar de quem precisa criar como forma de trabalho e dele extrair seu sustento, feito escritores, redatores e tantas outras categorias que dependem das palavras, das suas ideias e inspirações, e obviamente, de muita transpiração para compor. Mesmo fazendo o que se gosta, ainda assim podem existir pressões e inúmeros desafios na vida dessas pessoas, por isso o meu apreço pelos livros, pelos textos, pelo trabalho que envolve tanta gente até chegarmos ao que somos e temos hoje em função da escrita e da leitura.

Incrível como nos deixamos levar e como a vida passa tão depressa, concorda? Não é à toa que muitos insistem em não deixar para amanhã o que pode ser feito hoje, então, optei por realizar coisas mais particulares, de família (incluo aqui, dentre outras, o único bem que minha mãe deixou a inventariar: sua casinha de Cohab, com prestações pendentes e muita papelada para resolver tudo! Quanta burocracia e tanto melhor estarmos vivos porque após a morte certas coisas tornam-se muito mais complicadas, nem digo… [:S] De qualquer modo, agradeço a Deus por me dar forças e, com ajuda de marido e irmãos, estarmos solucionando tudo da melhor forma) e abdiquei do Viraletras por determinado período como aconteceu. Além disso, quem já leu vários posts por aqui, sabe que desde o começo deste ano quem trabalha na área da saúde como eu, teve e ainda continua tendo muito o que fazer por conta da Campanha da Vacinação Contra a Influenza A (H1N1), e se eu não estiver enganada, depois das epidemias graves de dengue, essa campanha foi a que mais nos exigiu esforços, tanto físicos quanto emocionais. Foram muitos sábados trabalhados para dar conta da demanda, para vencer prazos e faixas etárias, durante a semana a rotina foi severamente atingida porque tínhamos que fazer o que já se fazia e mais as orientações (e muitas desorientações também!Aff!) e ações desta imensa campanha, mas, folgo em saber que, até este ponto, está valendo a pena tanto estresse, seja por parte dos trabalhadores, seja da população. Enfim, espero que, de fato, a doença permaneça reduzida a fim de evitarmos números alarmantes de óbitos e mesmo de internações de casos graves como aconteceu em 2009, erradicar o vírus é praticamente impossível, assim como não erradicamos a dengue que seria até mais fácil, infelizmente, nem tudo funciona bem quando o esforço deve ser coletivo.

Continuarei escrevendo sim, quero ainda visitar meus blogs favoritos e deixar comentários, porém, tudo ao seu tempo, não posso prometer mais do que posso oferecer. O importante é que, de algum modo, a gente não desapareça do mapa sem deixar pistas… (Digo: eu não desapareça! :D).

APRECIE COM MODERAÇÃO! Imagem: Google

P.S.: Notei que tem muito blogueiro consumindo o tal chazinho também… rs. Bjins e até mais!

sábado, 3 de abril de 2010

Aleluia!

Você já esteve numa dessas apresentações teatrais na época da Páscoa? Se sim, diga se aquele final grandioso em que Cristo aparece ressuscitado após sua crucificação e morte não é digno desse título do post?

Quando criança, por vários anos, meus pais e meus irmãos tínhamos o costume de ir a uma típica e apreciada encenação da nossa cidade, uma multidão enchia aquele campo e o enche ainda hoje, momento de assistir tão belo espetáculo e mais, de nos entregarmos em cada cena, de caminharmos junto dos atores e nos sentirmos parte daquele contexto. Enquanto cristãos, todo esse trabalho não é só espetáculo cultural, é a oportunidade de revivermos os passos de Jesus em seus últimos momentos antes que se concretizasse o que estava escrito (Lc 24, 44-46) e abrirmos olhos e corações para o que há de novo.

Para mim é e sempre será uma das mais fortes lembranças da Páscoa em família. Mesmo após muitos anos temos ido (marido, filho e eu; algumas vezes, meus irmãos e sobrinhos também) a outras apresentações e sempre choro ao final delas, como fazia quando criança. Claro que de lá pra cá ampliei conceitos, porém, os sentimentos permaneceram intactos, sentimentos de que a vida vencerá a morte ao final, não importa quanto sofrimento seja imputado a alguém, desde que tenhamos a firme confiança no Cordeiro de Deus (Jo 1, 29).

Uma feliz e abençoada Páscoa para você!

terça-feira, 16 de março de 2010

Lamento e não lamento

Lamento, caso você não queira ler…

Não lamento caso se arrisque daqui por diante.

A vida é feita dessa dualidade (Eclo 33,15), sabe?

Eu sabia e só venho confirmando mais e melhor de tempos em tempos. E por falar em tempo, faz tempinho que não lamento a perda da mãe aqui no blog, porém, às vezes é saudável lamentar discretamente, veladamente, conscientemente. A mim ajudou bastante e continua a me fortalecer. Não vivo a me lamentar, saiba!

Lamentarei muito se este meu momento se tornar ridículo e duramente lamentável visto sob outros aspectos que não intento suscitar nesse post.

Hoje a mãe completaria 61 anos se estivesse viva, mas, há um ano, quatro meses e dez dias ela nasceu para seus três filhos de um jeito diferente, doloroso ao extremo no começo, talvez como deva ser a nossa própria chegada ao mundo, daí aquele choro, aquele temor do recém-nascido… Coloco-me a pensar: Será que ela chorou ou sorriu? Ou será que está adormecida feito embrião? Mil pensamentos percorrem essa mente que vos escreve e não lamento se as respostas forem mais estranhas que as perguntas, nem se sequer houver respostas…

Lamento que minha mãe não esteja aqui para eu presenteá-la, costumeiramente, com aquela blusinha linda, tamanho P, que ao experimentar ficava sempre grande e eu dizia: mãe, vou comprar suas roupas na seção infanto-juvenil! ou, para não correr o risco, um perfume ou bijuterias  que ela gostava, era vaidosa, apesar da tristeza que muitas vezes se tornou a fragrância e o adorno de seus dias.

Não lamento que tudo tenha acontecido tão rápido, abreviando seu sofrimento com o câncer e contra ele, não lamento porque ainda assim tive tempo de ficar mais próxima, meus irmãos também puderam, mesmo morando um pouco mais distantes de nós. Não lamento que eu tenha acariciado seus cabelos e beijado sua fronte nos momentos de dor; não lamento que tenha ao menos conhecido um tratamento alternativo e que não houve tempo para começá-lo; não lamento que eu tenha chorado e me desesperado enquanto trabalhava, tentando ser profissional ouvindo a lamentação alheia; não lamento que eu tenha ficado alguns poucos dias de licença ajudando a tia, irmã da mãe, se bem que esse anjo caído do céu nem precisou muito, ela sabia bem o que estava fazendo o tempo todo, chamou pra si a responsabilidade de cuidadora e o fez com louvor; não lamento ter ficado junto dos irmãos, da tia e do meu esposo no momento derradeiro.

Lamento sim, por pessoas que não puderam se despedir de seus entes queridos como eu pude, mesmo com meu coração em frangalhos, estive consciente e ciente desde que soubemos que ela enfrentaria seu maior medo e o fez com bravura, devo dizer. Lamento que muitos de nós não consigam nem se lamentar, que escondam sentimentos sob uma grossa casca de orgulho ou seja lá o que for…

Lamento que você também tenha perdido alguém e sinta saudade, só não lamento que outros tenham a dádiva do dia de hoje e possam comemorar, possam, inclusive, se lamentar como eu! Por isso, não lamento minhas lamentações, pois, fizeram-me mais gente.

Como eu gosto de uma boa prosa, provável que tenha “puxado à mãe” nesse quesito, o netinho aí junto dela também, fala feito matraquinha e os dois se davam bem por isso, era um converseiro, ele bagunçando os cabelos da avó, ela ria feito criança com a peraltice… Não lamento momentos assim que ficaram registrados na mente e no coração.

Mãe, esteja na Paz de Nosso Senhor!Imagem: arquivo pessoal (não autorizada a sua reprodução)

E você?

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Who Wants To Live Forever?

Em março, quando estreei este humilde blog não sabia exatamente até que ponto chegaria (ainda não sei!), desde então venho (a conta-gotas) desenvolvendo, aprendendo, partilhando o que posso e satisfaço-me com cada conquista. Não almejo aumentar dígitos, embora a curiosidade os procure aqui e ali e sejam, de certo modo, consequência dessa inter-relação na blogosfera, isso não é o que me motivou inicialmente e, agora, mantenho o propósito de, simplesmente, continuar a

CRESCER

Parece algo tão banal e tão simplório, não acha? Alguns  podem dizer que isso é balela porque bem lá no fundo todos querem um lugar ao sol com direito à sala VIP, então, por que alguém se alegraria em ser apenas mais um? Eu direi…

A razão do post de hoje é, novamente, em homenagem a minha mãe. Lá se vai um ano do seu falecimento e parece que foi ontem! Mencionei-a aqui e acolá, não gostaria que o assunto se tornasse chato e recorrente, contudo, é inevitável que recorde datas e fatos tão marcantes para mim e, sobretudo, das lições que  me fizeram uma pessoa diferente (não radical nem completa!), porém, um tanto quanto destemida em relação à morte. Presenciar os últimos dias da mãe e percebê-la “abraçando o próprio fim” nessa esfera terrestre foi, inexoravelmente, doloroso e revelador. Quando meu esposo perdeu o pai há mais de 11 anos eu passei a me perguntar: quem perderá quem a seguir? A vida seguirá a linha aparentemente óbvia dos “mais velhos primeiro” ou nos surpreenderá?

De certa forma ela seguiu o curso mais ou menos esperado “os pais antes dos filhos”, não necessariamente na ordem dos mais vividos ou de idade avançada. 

Por alguns instantes custo a crer na efemeridade, mas, o fato é que não está entre nós como a conhecemos no passado, salvo as lembranças, tanto as boas quanto as ruins pululam em *nossas mentes e corações. De início sonhei com ela umas três vezes, tentei decifrar o que significava: seriam recados ou somente resquícios da memória  transitando entre o que foi e o que é? Como ter certeza?

A depender da doutrina que se segue e se acredita há respostas que acalentam e dão o impulso necessário para continuarmos a caminhada, para continuarmos a crescer, não importando que idade teremos ao findar. Um cunhado costuma dizer em nossas rodas de conversa: Quem quer morrer? Ninguém, claro. Concordo (também quero ficar velhinha e cheia de netos, bisnetos… quem sabe?) e mesmo os que procuram a morte prematura o fazem à revelia, entretanto, tanto uns quanto outros estão fadados a fechar ciclos nesta vida (nascer, balbuciar, engatinhar, andar, estudar, trabalhar,etc.,etc.,etc.) e a morte encerra todos eles. Tenho a dizer que minha mãe fechou muitos ciclos por aqui, se do jeito certo ou errado, não cabe o julgamento, alegro-me que ela tenha visto os filhos se casando e lhe dando netos e netas, que tenha deixado bons exemplos como mãe, superando alguns equivocados ou incorretos, afinal, antes que ela fosse mãe ou qualquer outra coisa, era um ser humano em busca de sonhos e ideais.

"A Luz que traz Vida convida-nos a CRESCER diariamente!"Imagem Stock Photo

E, ao contrário das muitas lágrimas que permearam meus textos há uns meses, confesso que algumas ainda permeiam - e isso só mostra o quanto não sou indiferente ao que vivo; hoje tenho a firmeza de aceitar e conviver com essa perda, em particular, pois, compreendi que mesmo ela é passageira, que os contornos da vida podem ser alterados de modo que sejamos gratos e felizes pelo que somos e temos e também pelo que fomos e tivemos, compreende?

Ofereço este vídeo aos que chegaram até aqui, com a canção que inspirou, em partes, o post de hoje. Agradeço a cada pessoa que se manteve próxima, fosse com uma palavra amiga ou mesmo em pensamento, numa oração. *Em especial, ao meu esposo, irmão e cunhada que estiveram e estão sempre presentes em momentos importantes na travessia do luto à luta!

sexta-feira, 24 de julho de 2009

REFLEXÃO - Férias

Mês de julho é época de férias da meninada. Que felicidade para elas, não é? E para os pais, o é igualmente? Não sei, às vezes tenho dúvidas se os adultos gostam tanto desse período quanto os filhos, pois, cheguei a ouvir mais de uma mãe a lamentar: "ai, ai...lá vêm as férias!", como se fosse ruim? "Epa! Por que será?" - pensei comigo. Pais que trabalham fora e dependem da escola (dentre outras funções que competem a esta) também como forma de "babá" no horário em que estão dando expediente, podem até sentir falta do período letivo, entretanto, sabemos bem que a função primeira desse local é educar e não manter nossos filhos sob vigília tão somente. Bom seria se houvesse boas escolas com alternativas para casos excepcionais, entendo que não é fácil ter que trabalhar e não saber com quem ou onde deixá-los, porém, devemos pensar que o período de férias, tanto o de agora quanto ao final do ano escolar não são apenas para descanso dos professores e funcionários (Até parece! Tenho colegas que realizam várias atividades pendentes nesse período e pouco aproveitam o "tempo livre", engana-se quem pensa que professor descansa muito por conta disso). E pensei novamente com meus botões: "São só duas semaninhas magras, que mal há nisso?"
De fato, mal nenhum, muito pelo contrário. É tempo de aproveitar mais "nossa criança", de conversar, de brincar, de vivenciar coisas ditas "bobas"(assistir um desenho e comer pipoca no meio da tarde, preparar uma pizza juntos ou levá-la ao parque - algum tipo de atividade que saia do cronograma rotineiro do resto do ano, entende? Se seu filho já tem por rotina isso, então, invente outras, mas, crie oportunidades novas de experimentar e estar perto dele).
E, falando em experimentações, há um tempo ganhei um livro num sorteio do orkut, nem acreditei, sempre acho que tem gente somente querendo levar vantagem na Internet ou sacanear os menos atentos com todo tipo de tralha que possa destruir nosso pc...desconfio bastante, porém, também procuro fontes e chego a conclusões que, eventualmente, vale a pena arriscar. Minha sobrinhamiga está de prova! Foi ela quem me alertou e não é que recebi o livro em casa? Trata-se do "Agressividade Infantil - Relax e reprogramação emocional para crianças" de Cristina Locatelli. Foi ótimo lê-lo e aconselho a quem queira. O conteúdo é interessante e prático, a minha sensação durante a leitura foi da autora o tempo todo enfatizando o amor e a valorização deste entre pais e filhos, ao contrário do que o título pareça sugerir: tratar apenas da questão "agressividade". Entender o porquê a criança muitas vezes se rebela é importantíssimo. Quantas vezes queremos passar por cima do que ela quer dizer com a atitude ou a fala "agressiva", resolvendo na chinelada? Quantas vezes nos culpamos por tomar atitudes impensadas e amargamos ver aqueles olhinhos chorosos e o coraçãozinho triste conosco?
Procuro não errar com meu filho, assim como toda mãe que é preocupada em bem educar, inclusive, as palavras que proferimos têm muito peso e como! Viver a insultar, diminuir, denegrir, desprezar ou coisas que afetem negativamente a criança podem contribuir e condená-la a sentir e a assumir certas posturas. Uma colega vivia a dizer ao filho que ele "era triste" no sentido de ser muito bagunceiro. Eis que um belo dia essa criança respondeu a um elogio da mãe dizendo: "não, eu não sou bonzinho...eu sou triste!". Triste mesmo foi ela se dar conta do que estava fazendo com a cabecinha do menino e repensar as palavras que dizia ao se referir a ele, aliás, não a ele exatamente, mas, às atitudes dele, como se fosse um rótulo, compreende?
Eu mesma me corrigi um dia por conta de um lembrete bem dado da Cris, ao chamar meu pequeno de "seu tranqueirinha", depois disso, troquei por "meu anjo". E, não por acaso, é uma criança bastante carinhosa e compreensiva, muito alegre e inteligente.
Muitas vezes usamos alguns termos sem nem mesmo atinar o real significado deles, todavia, é preciso repensar até mesmo isso. Não é à toa que digo e repito sempre que o magistério muito me influencia e a pedagogia da sobrinhamiga também atualiza nossas conversas. Mãe mais informada pode correr menos riscos, isenta deles nenhuma está!
A questão das férias escolares também pode ser encarada como uma bênção, muito mais do que um problema a ser resolvido no meio e no fim do ano. Passar um pouco mais de tempo com a criança, fazer algo junto dela, apreciar suas habilidades, ouvi-la mais, dedicar-lhe atenção e carinho constantes não tem preço e só pode beneficiar ambas as partes, não acha? Vejo no trabalho que as pessoas, em geral, querem coincidir seu período de férias com o dos filhos, é muito bom saber que se preocupam, que tentam ao menos! Sei que nem sempre é possível, afinal, muitos funcionários para poucos e os mesmos meses ingratos de julho, dezembro, janeiro ou fevereiro. Aff! Decidir férias é sempre estressante nesse ponto também. Fazer o quê? Brigar de igual para igual, seguir as regras da empresa e... aproveitá-las ao máximo, mesmo que sejam em qualquer outro período.
Outro detalhe importante da leitura referida é o do toque. Vamos acrescentar sensações às palavras de carinho: muito cafuné, massagem, beijinhos e abraços apertados! Perco a conta das beijocas que dou nesse baby! E ele as retribui junto de abraços, seja para angariar algo (isso é básico em criança!rs), seja de graça, sem nada em troca! Melhor ainda, não é? E o cafuné para fazê-lo dormir, quantas vezes já não foi meu trunfo? - "mamãe, faz assim..."(massageando a mãozinha sobre a cabeça). Tudo bem que o filho não nos pertence, de certo modo ele ganha asas e voa para o mundo como já ouvimos muito, porém, o mundo lá fora não faz isso pelo filho da gente, faz?
Então, vamos tirar férias de outras coisas, especialmente dos problemas, mas, nunca dos filhos, nunca da possibilidade de estar mais junto e aprender sempre com eles.
Tenha um final de semana muito feliz junto dele ou deles! Falando nisso, vou curtir mais o meu porque as aulas reiniciarão na segunda-feira...que peninha!

Fonte da imagem: Google

sexta-feira, 17 de julho de 2009

REFLEXÃO - Pais e Filhos

Felicidade: paro, penso e...
sinto-me feliz!
Boas coisas aconteceram, outras nem tanto e daí? Coisas curiosas e estranhas também. Seriam pequenos sinais divinos? Seria hora de mudar hábitos e rotinas? Seria o momento oportuno ou o mais certo a se fazer?

Dia desses ouvi um depoimento de uma jovem que sofreu um terrível acidente, inclusive, sua história veicula em PowerPoint pelos e-mails, eu mesma cheguei a achar que fosse criação de alguém tentando amedrontar os que (ainda) bebem e dirigem. O pior é que o fato foi real! Em resumo: um motorista embriagado causou um acidente com o carro da jovem, o qual se incendiou com ela e a deformou de tal maneira que lá se foram 40 cirurgias e muito, muito sofrimento com queimaduras de 3º grau em mais de 60% do corpo. Imagina um absurdo desses? Tamanha dor (no corpo e, especialmente, na alma) é incalculável, foge à minha pequenez... a história dela poderia culminar em suicídio para muitos, porém, lá estava exposta num programa de TV famosérrimo contando sua experiência nesse desastre que modificou não apenas sua aparência externa, modificou seu ser. Ela atualmente se vê a mesma pessoa, obviamente não no aspecto físico, ela consegue dizer a si mesma que é possível encontrar a paz de espírito, um conforto para a alma ou como queira chamar esse ato de "permitir-se ser feliz."
Na quinta-feira recebi um convite de uma pessoa muito próxima e, embora eu o tivesse recusado, diante da insistência, notei que era sim um pretexto para algo maior. Então, lá fomos para uma reflexão bíblica em grupo na casa da mãe dela. Na adolescência fui uma beata, muito aprendi com os grupos de jovens, porém, mudanças de endereço, faculdade, casamento, etc., afastaram-me, de certo modo, dessa realidade. Fiquei à distância, mais recolhida. Nada de grupos nem encontros na igreja. Vivenciei os "grupos da vida": no trabalho, na escola, na família. Dizem que o mundo nos ensina muito, mas, muito do bom e do ruim, não é? É preciso peneirar somente o que é bom, o resto é resto, se não serve para mim nem para você, então, desprezo sem titubear.
Agora diga: o que tem de ligação entre os pontos levantados até aqui? Felicidade, superação e convite? Não necessariamente nessa ordem. Sei lá, pensa um pouquinho e diga se encontra elo entre os três.
Pensou? Ainda não? Tenta, vai...faz um esforço! Isso...
Depois me conta o que foi de interessante que saiu dessa cabecinha, ok?

Bem, dessa aqui saíram conjecturas, divagações mil...rs, ao final, muito positivas. No começo o convite pareceu-me uma cilada(rs), um pequeno grupo de onze adultos e cinco crianças reunido para refletir trechos da Bíblia e absorver uma gota de conhecimento. Os que já se reúnem semanalmente foram revezando leituras e dinâmicas do encontro, passado alguns minutos de concentração no assunto em questão "justiças e injustiças", entrei na roda viva e soltei o verbo. De repente, aquele grupo que estava meio que acanhado e sem palavras tornou-se numa espécie de terapia grupal, um desabafo de suas frustrações e, claro, senti-me na obrigação de amarrar o assunto com o trecho que havia sido lido antes para não ficarmos só nesse momento "tenho pena de mim!". Veio à luz as experiências daquelas pessoas, inclusive as minhas, especialmente das perdas. É justo? Injusto? Perder mãe, marido, filhos? Qual o peso de cada perda dessas? É justo descarregarmos as nossas perdas sobre os outros em forma de ira? Resolve ou ameniza a dor?E o outro, também não tem as próprias perdas e dores? Será justo com ele?

Após o encerramento do encontro é que pude conversar mais com a pessoa responsável pelo "convite cilada"(rs) e parabenizá-la pelo motivo que a fez juntar-me àquele grupo na casa de sua mãe. Sua perda também reverteu-se em alegria! Lá estava ela e o marido: novamente grávidos! Queriam muito compartilhar a felicidade que sentiam e eu (quase) me neguei a estar presente. Logo o assunto mudou de ares e tudo soava como novidade e até redenção. Sim, se nos é "permitido" que tenhamos perdas, também nos é "permitido" que tenhamos presentes divinos e quer coisa mais divina que a vinda de um filho?
Agora, podem criticar à vontade o que vou dizer, já o disse para a nova mamãe em questão, talvez ela nem se recorde, falamos tantas coisas sobre tudo(rs), mas, vejo que Deus nos permite ter filhos para que nos sintamos um pouco como Ele, entende? Uma prova de fogo. Queremos o melhor para aquele ser, nos primeiros anos tão indefeso, de repente, ganha autonomia e o mundo, contudo, mãe e pai são para sempre, mesmo os que têm suas divergências e conflitos sabem, lá no fundo, que a figura deles permanece em nós, seja fisicamente, nos genes, seja no coração ou só na mente. Quantas pessoas relatam e atribuem dificuldades na fase adulta por conta dessa relação pais e filhos? O quanto pai e mãe são realmente "culpados" pelo sucesso ou fracasso de um filho?

E quanto à história de superação da jovem que sofreu o trágico acidente de carro? Bem, acabei por suscitar o caso somente entre o mais novo casal de "grávidos", nos referindo ao "desabafo coletivo" surgido no encontro bíblico e o quanto nos lamentamos dos infortúnios, esbravejamos até contra a Mão Divina que rege o mundo, assim mesmo, como os filhos acusam os pais quando se frustram: a culpa é sua porque estou nessa situação!
"Sou uma gota d'água
Sou um grão de areia
Você me diz que seus pais não lhe entendem
Mas você não entende seus pais
Você culpa seus pais por tudo
Isso é absurdo
São crianças como você
O que você vai ser
Quando você crescer?"
trecho da música Pais e Filhos - Legião Urbana

E a jovem acidentada disse que podia sentir-se feliz, apesar da tragédia, permitia-se ter pena de si mesma apenas cinco minutos por dia e arrancou risos da plateia dando uma "palhinha" desse momento de lamúria diária: "Por que isso foi acontecer logo comigo? Bom, acabaram-se os 5 minutos!"

Concluo que somos "convidados" a aceitar ou não certos desafios nessa vida, uma delas é nos tornarmos pais e mães. Permitirmos a "felicidade" é melhor do que lamentarmos o "leite derramado" e a "superação constante" pode ser o bálsamo necessário nessa escalada.
*PS.: apesar do atraso na postagem por conta de alguns contratempos, a reflexão aqui está e espero que todos possamos ter um ótimo fim de semana, bem como uma ótima jornada durante a vida: com convites, superação e felicidade! Aliás, aproveitarei o espaço para novamente PARABENIZAR O CASAL DE AMIGOS RECÉM-GRÁVIDOS! A JOVEM MAMÃE TAMBÉM É BLOGUEIRA E LOGO SE MANIFESTARÁ, ENTÃO, NÃO QUERO ADIANTAR MAIS!

Fonte das imagens: 1ª Google; 2ª Anne Geddes

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Tertúlia Virtual - Que lugar te faz sentir em casa?

Que lugar te faz sentir em casa?
Parece óbvio para muitos, porém, nem sempre a casa é o "home sweet home" das pessoas, infelizmente. Não é o meu caso. Adoro meu canto, meu aconchego, meu lar! As coisas acontecem por aqui, não preciso sair para encontrar novidades, as recebo de várias formas: rádio, TV, Internet, telefone, etc. A tecnologia tem um bocado de culpa nisso, percebe? Não é preciso ir muito longe para saber das coisas, até se compra e se vende pela Internet, se namora e se casa! Nesses quesitos ainda sou um pouco pé atrás, mas, sabemos que isso vem mudando o comportamento da humanidade. E como!
Julgue-me piegas porque prefiro assistir a um bom filme (ou até um desenho) ao lado de meus queridos a ter que me aprontar para passear num shopping. Ah! Se prefiro! Ainda mais nesse friozinho! Ficar em casa, sem se preocupar com as horas marcadas para o trabalho, para a escola do filho ou com o horário que o comércio abre ou fecha é maravilhoso, não é?
Agora ria o quanto quiser, pois, o apelido que a família adotou para designar indivíduo frequentemente avesso às saídas de casa é "cozido(a)", vulgarmente (e carinhosamente) nos chamamos "cuzidos"...(rs). E ninguém se ofende, afinal, assumimos esta postura há muito tempo, aliás, devo dizer que, meu marido e eu, já quando namorávamos, por conta dos horários de trabalho e dos cursos, ter um momento relax em casa era tudo que queríamos. Eventualmente um cinema, um teatro, um concerto. Amigos e familiares convidavam para sair, que nada! Aí o apelidinho foi pegando mesmo...
Acredito que, mesmo em casa, há um lugar, em especial, que as pessoas devam eleger como o preferido delas. Eu deixo a cozinha e a lavanderia para quem quiser! Porém, o lado da cabeceira da cama, com alguns de meus livros e a escrivaninha do micro onde procuro aproveitar ao máximo meu curto e precioso tempo de leitura e escrita, são meu mundinho particular. É onde as horas voam, traiçoeiras, impiedosas, tornando-me sua escrava; entretanto, é também onde realizo e extravaso ideias, sonhos, inconformismos. Chego a pensar que esse mundo a que me refiro é meu bem, meu mal, donde provém coisas boas e ruins porque nele me perco e me encontro, aprendo e erro, faço e me refaço. Eis-me aqui! Presa à tela do micro e perdida em pensamentos, aperfeiçoando o rascunho da Tertúlia Virtual de hoje, compondo, recompondo, escrevendo, corrigindo, digitando, rindo e me divertindo! Contudo, ao longe ouço a máquina de lavar indicando que já é hora de esvaziá-la, que dilema! Não lamento nada disso, uma casa tem dessas coisas também.
Só posso dizer que faço o melhor por mim e pelos meus. Já devo ter dito que sou muito "família", que os defendo até que me provem o contrário ou o tempo o faça (já tive decepções e quem não as tem?), por isso, a casa é meu recôndito, só não pense que vivo na pasmaceira, oh, não! Sempre que é possível reunimos a turminha para um churrasco - e olha que nem carne vermelha eu como (rs), aproveito para fazer saladas das mais variadas, nesse aspecto a cozinha me atrai: é estranho dizer que cozinhar é terapia? Lavar pilhas de louça é que seria, não? E devo dizer que o point da família, tanto minha quanto de meu marido é aqui! Por quê? Oras, porque cultivamos esse lar, tal qual se cultiva um jardim, porque queremos que ele seja, de fato, um lugar sempre agradável, para quem nele vive e para quem nos visita.
Tem um pequeno canteiro ao qual resolvi dedicar parte de meu tempo, juntamente com meu filho. Criança adora coisas assim: mexemos na terra, a adubamos, semeamos e estamos a regá-la, aguardando que as flores cresçam. Já apontaram várias plantinhas, tão lindas e delicadas. Será que somos bons jardineiros? Veremos. O importante é que não deixemos o canteiro sem a atenção devida. Do mesmo modo é preciso cuidar do lugar que nos faz sentir em casa, não importa qual seja.
E, assim, pretendo encerrar dizendo que a casa não precisa ser uma mansão, carissimamente decorada (se puder, por que não?), acima de tudo, nós não moramos numa casa, essa feita de paredes frias, de tábuas velhas ou de qualquer outro material que o tempo se incumbe de desgastar e até levar ao chão, ela é quem deve morar na gente, já que somos os responsáveis por tornar o mundo a nossa volta o melhor lugar para se viver, a começar por aqui, seja onde estiver.
Fonte da imagem: Google

terça-feira, 31 de março de 2009

"Comendo bola..."

Os pais chegam ao hospital com o filho adoentado há um dia, com queixas de febre intermitente, tosse um pouco produtiva e dor abdominal. A pediatra plantonista faz os exames básicos de rotina: garganta, ouvido, ausculta os pulmões e após tamborilar os dedos sobre a barriga da criança, diagnostica:
—Olha mãe, essa barriguinha está um “pandeiro”...é uma infecçãozinha intestinal. Bastante mamão com laranja, ok? Teve diarréia?
— Não, doutora. Aliás, como ele já esteve internado com pneumonia há pouco mais de um ano neste mesmo hospital, além de três outros começos de pneumonias tratados com antibióticos via oral, já vim preocupada com isso, inclusive, estou aplicando inalação em casa porque teve acompanhamento de pneumologista e fui orientada, e lógico, a queixa da “barriga dodói...”, pode ver que a ficha dele aqui está extensa...
—Também pensei que fosse. Pode ser que ele tenha diarréia, qualquer coisa volte.
Os pais saem meio aliviados, com uma receita de antitérmico nas mãos, mas ainda preocupados, no entanto, a médica estudou para tal e não haveriam de discordar, ela sabia o que fazia, afinal, tantas e tantas crianças atendidas diariamente naquele hospital infantil, não é? A mãe fica um pouco inculcada porque gostaria que a pediatra tivesse solicitado um raio-x do tórax do filho, mas não é ela quem deve diagnosticar, sua função é cuidar do pequeno e ficar em alerta enquanto a febre não cede. Aliás, o antitérmico prescrito nem faz tanto efeito na criança, nesse caso, a mãe já conhece o filho que tem e continua com os que controlam melhor a temperatura, além de banhos mornos. E dá-lhe mamão com laranja!
No dia seguinte, a criança ainda mais prostrada nem tem condições de ir à escola, a febre não cede, tosse e dores abdominais pioraram. A mãe conversa com o pai e decidem levá-lo a uma pediatra particular, que após saber do caminho já percorrido por eles, diz:
— Estou ouvindo estertores. Levem-no para o hospital para fazer um raio-x e, de preferência, que ele tome medicação endovenosa. Aliás, dores abdominais têm relação com problemas pulmonares.
Eles saem muito frustrados, de volta ao mesmo hospital do dia anterior, onde passam por outro pediatra que, finalmente, solicita o exame. Feito isto, novo diagnóstico:
— Vamos interná-lo, mãe. Está com pneumonia.
Mãe atônita:
— Como assim, internar? Ontem pela manhã estivemos aqui e era uma infecção intestinal! É só um começo de pneumonia, não é, doutor? Ele já teve isso outras vezes e foi o que enfatizei para a pediatra que o atendeu primeiro!
— Não, mãe. Há dois terços do pulmão direito “manchado”, medicação via oral não resolve. Temos que interná-lo mesmo.
— Como de um dia para o outro o quadro muda para pneumonia a ponto de ter que interná-lo?
Após indignar-se, a mãe aguarda os procedimentos para tal enquanto o filho queima de febre em seus braços. O sentimento de revolta toma conta de si e só aumenta porque a demora é tamanha para que a papelada fique pronta para a internação. Aqui alguns diriam: é porque se trata do SUS. Enganam-se. Era pelo convênio.
Já instalados, a técnica de enfermagem verifica que o pequeno está muito quente e sugere um banho, o que a mãe faz prontamente e acrescenta:
— Tenho antitérmico na bolsa, por acaso não o usei ainda porque aguardava que o fizessem estando aqui sob seus cuidados...
— Na verdade,o doutor é quem prescreve, mas já que é a mãe, pode fazê-lo. Ah, não podemos pegar a veia do seu filho ainda por causa da febre, pode estourar...
Era tudo o que uma mãe aflita gostaria de ouvir, não acha?
A enfermeira responsável pelo setor chega com uma prancheta na mão:
— Olá mãe, o que houve?
— O que houve? O que houve é que estive ontem pela manhã neste hospital na intenção de que fosse feito um raio-x e estava tratando da pneumonia com mamão e laranja! Estou cansada de ver médicos “comendo bola” a todo tempo. Já fizeram isso com meu esposo, com minha falecida mãe e agora com meu filho! O que está acontecendo? Faculdades de medicina demais, qualidade de menos? Estão desgostosos com os salários?
— Sabe, é complicado mesmo. Tem raio-x que num dia está limpo e no outro já apresenta manchas. – retrucou a enfermeira.
A esta altura, o pai tenta acalmar a mãe, sabe tanto quanto ela que houve erro, negligência, pouco caso ou, seja lá como queiram chamar o fato, mas não adiantou. Mesmo sem ser grosseira, a mãe dispara, põe para fora toda indignação:
— Da próxima vez exigirei a conduta do médico, procurarei segunda opinião como o fiz, contudo, se algo pior acontece, muitos dirão que os pais foram relapsos, que foi fatalidade e não quero pagar para ver. Ouço diariamente diversas histórias assim. E as vivenciei também. Chega!
Após quatro dias de internação, o pediatra libera mãe e filho, prescreve um xarope para a tosse remanescente e um vermífugo para aquela queixa de dor abdominal.


Amigos da blogosfera,
Conforme havia dito no post anterior, aqui está narrada a parte principal da situação que vivenciei semana passada com meu filho e alguns detalhes sórdidos - como puncionar a veia dele sem nenhuma psicologia ou coisa que o valha para acalmar ânimos, tanto dos pais e, principalmente, da criança - também não mencionei, mas quem passou por isso, sabe do que estou a falar...
Tenho constatado que a medicina atual é um paradoxo completo: vivemos na era da tecnologia, das descobertas fantásticas e de tantos esforços em HUMANIZAR a relação
pacientes x médicos x funcionários, e, de outro lado, aparecem coisas desse tipo pela qual passei e ouvi, hipocritamente: “graças a Deus não houve o pior... olha mãe, não precisaremos drenar o pulmão dele, está num estágio inicial, logo sara... há crianças que chegam aqui precisando desse procedimento, já pensou?”
Pensei sim, pensei comigo: se acontecer algo mais grave dirão que os pais demoraram a procurar ajuda ou, na falta dessa, jogarão a culpa no “inevitável” ou na parceira dele: a “fatalidade”.
Por essas e outras que me sinto no dever de alertar, não só os pais, como a todos nós, adultos e idosos, independente dos recursos que se tenha: ou confiamos cegamente nos médicos e no seu profissionalismo ou procuramos ouvir segundas e até terceiras opiniões sobre nossa saúde, esse bem tão precioso.
Não quero afirmar com isto que todos os profissionais da área em questão são negligentes e propensos ao erro, apesar de serem humanos antes de serem médicos, há que se procurar o melhor, aliás, todos procuramos o melhor o tempo todo, por que esperaremos menos deles? Logo deles?
Criticar apenas por criticar não é o caso, sou alguém bastante flexível, não discuto à toa, contudo, em se tratando de situações extremas como esta, em que há risco de complicações, não há quem resista, concorda?
Façamos nossa parte, sempre. Sejamos pacientes realmente “pacientes”, no melhor sentido que a palavra possa ter. Nada de tomar o remédio pela metade, ou menos que isso, esperar que só a olhadela na cara do médico já cure nossos males; nada de usar de “empurrologia”, sabe, aquela medicina em que o vizinho diz para o outro que tomou o remédio “x” e resolveu seu problema ou o remédio “y” que o farmacêutico empurra sem prescrição médica.


E, concluindo, o título do texto “comendo bola” é um termo que usei e uso algumas vezes em lugar de “comendo barriga” – pode rir! (não sei, acho estranho “comer barriga”... (rs) apesar de ser a expressão idiomática mais comumente utilizada neste sentido). Minha mãe era dessas pessoas que, quase sempre, tinha um velho ditado ou uma expressão idiomática na manga. Cresci ouvindo e herdei alguns deles. Segundo ela: “comiam bola” as pessoas que participavam dos bingos em quermesses e, distraídas, deixavam de ouvir um número “cantado” que aparecia naquela bolinha extraída do globo giratório.
Fonte de imagens: Google